Durkheim - a religião é um fato social
Com Durkheim a religião
passa a ser interpretada como sendo um sistema de crenças e práticas
que muito embora envolvam o sagrado, desenvolve a possibilidade de
analisar, sociologicamente, seus aspectos mais institucionais. “Ele
excluiu deliberadamente qualquer referência a Deus, aos deuses ou ao
sobrenatural, pensando que algumas religiões como o budismo e o
jainismo clássicos, operam sem essas crenças.” (SCOTT, 2006:171)
Muito das definições sobre religião e suas variantes apresentam
uma concepção ocidentalista e europeizante como pano de fundo das
relações interculturais. A coalizão do encontro entre as
diferentes manifestações religiosas culminaram na superioridade de
um em detrimento do outro. E o 'outro' sempre foi identificado como
ilegítimo ou falso — aquele que deve rever sua cosmogonia e
ajustar suas verdades.
Numa perspectiva sociológica, os sistemas religiosos podem ser compreendidos como um elemento cultural universal e que desenvolve papeis manifestos e papeis latentes diferenciados das demais instituições sociais. Entre os papeis manifestos está o fato da religião definir o mundo espiritual e atribuir-lhe um significado. É sabido que quando a religião passa a construir significados, ela também passa a distinguir o sagrado do profano. Desse modo, a religião oferece respostas sobre o mundo transcendental buscando responder as indagações humanas como: para onde vou depois da morte? Deus existe? Anjos têm sexo? E ainda oferecem conceitos sobre carma, pecado, céu, inferno e outros questionamentos que a consciência humana faz sobre o mundo que o cerceia. Além dessas manifestações existem outras consideradas não-manifestas e não-intencionais, consideradas ocultas.
Para Durkheim a religião
tem o papel de ser uma grande integradora da sociedade, assim como o
patriotismo e o nacionalismo. Desse modo, as diferenças e conflitos
existentes entre os diferentes grupos sociais são colocados de lado
mediante o encontro de pontos em comuns como a fé, a religiosidade e
os valores. Do ponto de vista sociológico, essa força integradora é
importante, pois garante à sociedade o seu reajustamento social,
equilibrando as tensões étnicas, os conflitos de classes, a
intolerância e outros problemas de ordem social. Isso contribui para
que a sociedade funcione como um sistema social integrado. Os
diversos sistemas religiosos, por meio de rituais fúnebres, o
batismo, ritos de passagem, casamentos, etc. integram o indivíduo em
comunidades mais amplas do que o grupo religioso em que o indivíduo
se insere. Outra função social da religião é manifesta por sua
capacidade de ajudar as pessoas em situações de crises econômicas,
tensões políticas ou por meio do acolhimento aos grupos imigrantes
de várias regiões (MACCARTHEY, 1994).
REFERÊNCIAS
SCOTT, John.
Sociologia: conceitos-chave.
Rio de Janeiro: Zahar, 2006.
MCCARTHEY. N. Sociologia. São Paulo: Artmed, 1994.
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