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Mostrando postagens de junho, 2014

O que você precisa saber sobre o Bumba-meu-boi

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várias histórias, várias versões: A discussão sobre a origem do bumba-meu-boi é bastante diversificada e divide muitas opiniões, balizando entre cultura erudita e cultura popular. Algumas fontes afirmam o surgimento do bumba-meu-boi no século XVIII em Pernambuco. Essa fonte refere-se apenas ao registro mais antigo na  nossa literatura sobre essa festividade que é do século XVIII, meros 300 anos de existência. Esse registro levanta algumas questões pertinentes: Como pode essa festividade ter surgida no Brasil se o gado bovino não é originário das Américas? Registro esse, feito por um sacerdote católico, Pe. Miguel do Sacramento Lopes Gama em 11 de janeiro de 1840, em Recife. Outra questão de fundo trata-se da ideia de ressurreição, um termo de conteúdo teológico-religioso, que é consideravelmente mais antigo que o próprio cristianismo, pois a ideia religiosa de ressurreição já se verifica no antigo Egito, na Pérsia e outros povos da antiguidade. Mas o problema continua, pois outr

Perspectivas marxistas e processos revolucionários

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      A perspectiva materialista da história, ou o materialismo histórico, preconizado por Marx, supõe que em determinado momento do desenvolvimento de uma sociedade, as forças produtivas materiais da sociedade entrará em ebulição com as relações de produção existentes. É durante esse estágio de efervescência que se tornará possível realizar mudanças na base econômica de sua superestrutura. Pois, Marx salienta que o processo histórico não é estático, mas ao contrário, está em constante transformação, no seu dizer: é dialético. O autor faz um desdobramento de sua teoria ao analisar as rupturas ocorridas nos modos de produção anteriores ao capitalismo: comum primitivo, o regime asiático, a escravatura. Para o surgimento de novas forças produtivas, é necessário o desaparecimento da classe dominante, bem como as relações de produção e a forma como essa sociedade se organiza, pois esta classe opressora nunca se desfará de seu poder e prestígio, sempre se reinventará para perpetuar seu

Introdução ao Marxismo II

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materialismo histórico dialético A concepção do materialismo histórico dialético, procura compreender as transformações sociais do processo histórico, pois segundo Marx, a sociedade não é estática, mas está em constante mutação. Se pensarmos nas transformações do modo de produção que antecederam o capitalismo, como por exemplo, o feudalismo, o asiático, comum primitivo, percebe-se que nem esses sistemas, nem as relações de produção são inatas. Dialeticamente,  um modelo econômico tem uma origem, um desenvolvimento e, fatalmente,será substituído por outro. Segundo o materialismo histórico sempre existiram nas sociedades uma relação entre dominador e dominado, exploradores e explorados, ou seja,  as lutas entre as  diferentes classes sociais que funciona como o motor da história. Por esse motivo, seu materialismo defende a luta  das forças contrárias através do inter-relacionamento. Forças produtivas As Forças produtivas são aqueles instrumentos de produção que são criadas par

Diferenças entre Marx e Hegel

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A concepção filosófica de Hegel, atribui ao mundo das ideias, a responsabilidade pelo desenvolvimento da História humana. Nesse sentido, o pensamento é o sujeito criador, como também o agente transformador da realidade. Hegel afirmava que a ideia precedia a realidade, pois todas as construções teóricas são atribuídas ao “espírito” criador do pensamento e da ideia na determinação do mundo. Inicialmente, Marx apreende a teoria hegeliana, da precedência da ideia sobre a realidade, no entanto, colocando-se, numa perspectiva mais revisionista como um “hegeliano de esquerda” do que consensualista ou “hegeliano de direita”. Marx compartilha a influência do pensamento, da consciência e das ideias, como forças dialéticas, mas rompe com Hegel porque concebe o pensamento e o mundo das ideias como reflexos da realidade. Marx penetrou no pensamento de Hegel para construir o materialismo dialético baseado no tripé tese-antítese-síntese onde prevalecerá as determinações políticas do mundo r

Introdução ao Marxismo I

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Conhecer para transformar O conhecimento, sobretudo o conhecimento científico, centrado na razão, apesar de ser uma descoberta recente na História da humanidade, tende a ser uma fonte legítima e segura sobre o conhecimento. Dogmatismo e  empiria superados, modificam-se também o objetivo do conhecimento, seus métodos e o modo como se pensa a realidade. O desejo de se chegar ao conhecimento seguro, exato e “verdadeiro” é depositado, exclusivamente, na razão humana. Para Marx, o conhecimento humano está em constante transformação (dialética), as conclusões devem ser examinadas e ordenadas pela razão antes de ser considerada válida. Segundo o materialismo dialético só é possível atingir o conhecimento seguro e sem erros, através de inúmeras repetições do processo que conduz à consciência, confrontando-os com  a observação. O materialismo dialético proposto por Marx defende a oposição das forças contrárias e o inter-relacionamento dos fatos se contrapondo ao conhecimento antidialét

Preconceito e sociedade

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O preconceito possui uma causa de  origem  social, mas a sutileza de sua ação não permite ser flagrada pelo senso comum que em suas frustrações individuais passam despercebidas. O preconceito pode ser compreendido em fases distintas e sob diferentes contextos geográficos. Na fase narcisista, sua execução engendrava o modelo de estética europeizado projetando uma imagem de homem (e mulher) perfeitos. Sua  forma mais  cruel consiste quando a soma desses valores assumem a forma de um narcisismo coletivo em busca da moeda para comprar o belo: o tipo e o tom do cabelo , a  cor da pele , olhos claros, a altura desejada e outras características que a indústria cultural reforça como sendo supostamente a melhor. Os  meios de comunicação  de massa (do inglês, Mas Média) ou simplesmente MCM, tiveram nos avanços tecnológicos, os principais mecanismos sociopsicológicos para reprodução desses "valores," impedindo, dessa forma, a estruturação de um "eu" baseado na exp

Capoeira-rá-rá-rá

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capoeira na escola Atualmente, um estudante que esteja matriculado numa determinada unidade escolar, sente pouco ou nenhum estranhamento com a capoeira por está associada a mais uma alternativa à prática esportiva em várias escolas. Mas nem sempre foi assim, muito da cultura afro-brasileira que perpassa pela culinária, pela arte, religião e a própria capoeira sempre foram alvos de preconceitos. Sempre existiram e ainda se percebe em menor grau, associações equivocadas em relação à capoeira. Uma delas é a associação que se faz entre marginalidade e sua prática, quando na verdade o que está por trás desta associação é uma discriminação velada que muitas escolas desconstruíram ao incorporarem a capoeira em seus currículos. reabilitação histórica Na maioria das vezes, tem-se a visão geral do uso da capoeira como tão somente uma prática esportiva ou de defesa pessoal, ou ainda aquela que os meios de comunicação de massa concebe nos moldes do cinema ou telenovelas. Nos discursos s

Reflexões sobre temas afrobrasileiros

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discutindo a ideia de raça Apesar da ideia de raça ter sido amplamente discutida no módulo I, penso que a retomada do tema é sempre pertinente dentro e fora dos círculos universitários. O conceito e a definição de raça, sobretudo pela ciência incipiente do século XIX, teve em seu bojo consequências negativas, custando muito caro aos naturalistas, médicos sanitaristas e muitos literatos que impingiram no negro a alcunha de espécie "inferior". Mas o termo raça já era explorado no século XIII pelas ciências naturais. Muitas das características físicas foram fomentadas para supostamente provar a superioridade do branco sobre o homem negro. Atualmente, descobertas sobre o DNA humano revelaram que o homem pertence a mesma espécie homo sapiens sapiens, o uso do termo raça começava a ser revisado, inclusive essa descoberta comprovava uma premissa que as ciências sociais já defendiam há anos: a de que o preconceito tem uma origem social e foi sendo construído submetendo os indi

Pro ou contra às políticas afirmativas?

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diagnóstico As  análises estatísticas  e os estudos sociais sobre gênero e desigualdade no Brasil tem como constatação o pressuposto de que a desigualdade social está ligado ao componente racial. Os negros (uso que faço da expressão que Thomas Skidmore utiliza em seu trabalho sobre estudos étnico-raciais no Brasil, em 1976), estão claramente numa situação de desfavorecimento em relação ao  mercado de trabalho , educação, justiça, segurança e salário (SORJ, 2006). E não se trata de um problema exclusivo da internacionalização da economia característico do mundo moderno, mas uma extensão da herança abolicionista de 1888.  herança maldita Como se sabe a Lei Áurea foi um marco sem força, uma vez que apenas 5% da população negra não havia migrado para o regime capitalista financeiro assalariado. E onde estavam a maioria dos negros? Nas favelas e sem direito ao uso da terra, à escolaridade e acorrentados à miséria extrema. O reconhecimento dessa situação de desigualdade da