A MANIPULAÇÃO DOS FATOS DISTORCENDO A HISTÓRIA


Os Meios de Comunicação de Massa, (do inglês Mass Media) não designam única ponte de ligação entre emissor e receptor. Há outros processos existentes, tais como a comunicação interpessoal, grupal, social, etc., porém cada um com características bastante diferenciadas.

A industrialização, com efeito, desenvolveu a comunicação ao passo que criou um paradoxo: no mundo da comunicação, globalizado, moderno o homem não se sentiu tão isolado quanto hoje. Isso porque os meios midiáticos pertencem a grupos fechados e se conservam distante da massa para atingir interesses, que se expõem, burgueses. Embora os M.C.M. consolidem e tenham um objetivo social diferenciado da família e da escola está intrinsecamente ligado na “construção” subjetiva do indivíduo, além de funcionar como grande formadora de opinião pública. Este caráter faz com que os M.C.M. consolidem “valores”. É inegável, porém, o quanto estes M.C.M. reproduzem antigos preceitos, assim como instaura outros novos de interesse da indústria cultural: manipulando e falseando os fatos sempre que o status quo das elites dominantes sentirem-se ameaçados.

A busca pela extensão máxima do público faz dos M.C.M. um vasto mercado de consumo midiatizado que traz embutida uma lógica econômica, evidentemente, de grandes lucros. A propaganda indiferenciada a um público indiferenciado é a proposta de uma mensagem geralista onde é possível impor o gosto das pessoas sobre a variedade de produtos que satisfaçam a necessidade da indústria cultural. A radiodifusão também é um forte meio de comunicação e alienação. Não obstante, costumes e valores brasileiros se fundem ou mesmo desaparecem em substituição a outras culturas  tidas como “superiores.” Um exemplo: a americanização de músicas e produtos, costumes, o modo de vestir-se e outros hábitos que são suplantados como mecanismos de neo-colonização e exploração.

A radiodifusão promove a dolarização de nossa cultura. A imprensa também ocupa lugar de destaque entre os M.C.M., tanto que é a principal responsável pela “educação-popular” – educação baseada em “verdades” inquestionáveis uma vez que o telespectador ouviu, visualizou e assimilou o noticiário. O espírito de acomodação e conformismo do receptor, em geral, não consegue perceber que os meios de comunicação estão a serviço de uma elite e, portanto, recebe um tratamento uma espécie de “afunilamento de idéias”, responsável pelo condicionamento a que são submetidos os indivíduos. Os livros são importantes meios de comunicação e também exercem considerável influência no leitor. Há livros para todos os gostos e sobre os mais variados temas. Com muita propriedade disse Monteiro Lobato que uma nação se faz com homens e livros.

Há livros que devido ao seu conteúdo anômalo, tais como “a literatura frívola, pornográfica e excitante acabam eclipsando a racionalidade, corrompem definições e emitem conceitos errôneos sobre o casamento e o sexo, confunde e debilita a mente. O que todos esses mecanismos de comunicação têm em comum é a transmissão da mensagem indiferenciada a um público diferenciado esta mensagem pode ser traduzida como propaganda ou marketing inspirada no fenômeno da imitação.

A manipulação do fato começou a ser flagrada por oposicionistas no século XIX quando começaram a esboçar uma reação de rebelião e anarquismo social. Idéias que foram trazidas da Europa e introduzidas primeiramente no Rio de Janeiro e Recife e daí para o restante do país. No Ceará ao contrário do que aconteceu em outros estados a imprensa não desempenhava um caráter libertário, pois estava ligada a interesses de alguns grupos dominantes (oligarquia Acioli) e não tinha um interesse comum.

A partir da década de 90 do século XIX é que surge uma imprensa editada por grupos anarquistas e de estratégia sindicalista. Jornais como O Regenerador (1908), Voz do Graphico (1922) e O Combate (1921) são exemplos de uma imprensa libertária e socialista a partir das idéias de Pierre Josepth, Proudhon, Mikhaiul Bakunin, Peotr Kropotkin, Enile Pouget e Fernandi Pelloutier. Esses precursores deram origem ao que viria ser conhecido como movimento anarco-sindicalismo. O primeiro fator que contribuiu para o surgimento dessa imprensa foram as mudanças sócio-econômicas; o segundo fator estava ligado ao próprio “fazer” do Movimento Operário no Ceará e das idéias socialistas; Por fim o intercâmbio entre operários locais e de outros centros industriais (Portugal).

Durante a década de 40 da Fortaleza Provinciana, a escola Liceu foi o palco das idéias libertárias. Memorialistas como Blanchard Girão e Geraldo Nobre se destacam como líderes da vanguarda. Dentre as idéias difundidas podemos destacar o Naturalismo, o Positivismo, o Monismo e Evolucionismo. O Demolidor pode ser lido como uma tentativa de certa ousadia de jovens acadêmicos de Direito e liceísta, que adotaram como mote a presença dos frades estrangeiros no Ceará, realizando Missões no interior e carreando recursos para a tarefa de abertura de escolas, para desenvolver uma campanha – via imprensa – pela expulsão dos frades. Importa reter do conteúdo do jornal a tentativa de polemizar com a imprensa de orientação católica (Cruzeiro do Nordeste), com os intelectuais católicos (Barão de Studart, por exemplo) e alguns padres.Ainda que não se apresente como um jornal anticlerical afirmavam uma abordagem moral e religiosa diferenciada. Havia o intercâmbio da folha com jornais de orientação anticlerical. A censura reprimia qualquer movimento de rebelião social ou intelectual. Ainda que se aceite tal observação sobre, há que se lançarem luzes sobre tantas iniciativas que rompem o círculo de giz do conservadorismo. Nas páginas das revistas A Fortaleza, Terra da Luz ou O Demolidor os jovens, estudantes de Direito, vão adaptando, interpretando e assimilando o cabedal de novas leituras. É nesse quadro, onde se observa certa indiferença ideológica entre positivistas, socialistas, livres-pensadores, libertários e humanistas que a imprensa de tendência anarquista vai aparecer em Fortaleza.

Sabe-se que nos primeiros anos de século XX as idéias anarquistas estavam dando os primeiros passos no Brasil. Uma década havia passado desde que o socialismo libertário começara a se exprimir no Rio de Janeiro, em São Paulo, Curitiba e Porto Alegre, por influência da presença ativa de imigrantes anarquistas italianos nos meios operários, a que se juntaram outros militantes provenientes de Portugal e Espanha. Essas idéias revolucionárias não tardariam a atrair brasileiros inconformistas como Benjamim Mota e mais tarde, FábioLuiz, Martins Fontes, Avelino Fóscolo, José Oiticica, Edgard Lewenroth para citar apenas os espíritos mais conhecidos e irrequietos.

Durante a década de 40 o “americanismo” invadira os meios de comunicação e encapada pela campanha da boa vizinhança com os Estados Unidos criara no país estereótipos sobre o brasileiro como aconteceu por exemplo,na personificação de Zé Carioca, um esteriótipo do brasileiro (mora no morro, gosta de futebol, samba, cachaça e não trabalha) criado pela Walt Disney e cuja trilha sonora Aquarela do Brasil (de Ari Barroso) oferecia brilho e harmonia a caricatura que os norte-americanos cunharam sobre o cidadão brasileiro e foi reproduzido pela Rede Globo – uma das mais falseadoras dos fatos e acontecimentos sempre que os interesses burgueses eram ameaçados.

 A rede Globo foi a grande financiadora de todas as ditaduras de nosso país. Com Roberto Marinho na condição de titular do DIP (Departamento de Imprensa e Propaganda) foi o responsável pela censura durante o período getulista, coibindo quaisquer forma de expressão que pensasse fora dos estereótipos auriverdes. Com um acúmulo pessoal de US$ 1,5 Bilhões, Marinho favoreceu a desinformação e alienação do povo brasileiro numa ficha corrida de cambalacho e lamaçal de propina dos fundos internacionais (The News Yorque Times, Citybank, Time Life, etc.) e nacional (Caixa Econômica Federal). Com isso, financiou a ascensão de Collor de Melo no poder, fraudou resultados de eleições (1982), perseguiu idéias comunistas taxando-as de vandalismo, sonegou imposto e mais recentemente manipulou o áudio e a imagem de manifestantes contra a visitação de Bush ao Brasil.

A influência do americanismo na imprensa brasileira além de criar dependência cultural deformou a cultura brasileira uma vez que o American Way of life se apresenta como padronização e modelo cultural "superior" (cow-boy, gangster, super-homem, etc.) da cultura americana. A questão se agrava mais ainda ao permitir que por mais de meio século esse tipo de literatura continue a ser legitimada nos meios infográficos, cinematográficos e jornalísticos. A sutileza com que Hollywood impregna o pensamento americano nos consumidores não é perceptível pelo grande público. A ideologização velada tranquiliza seu público ao apelar para a imposição cultural, de que a situação está sobre controle, pois os problemas sociais são pensados e resolvidos, nós pensamos por você não se preocupe apenas consuma, mastigue e engula, vomitar é que é absurdo.

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