O Caminho das Nuvens de Vicente Amorim, trata-se de um filme importante para a compreensão das diferenças regionais existentes no país entre a visão localista (Nordeste) e a visão centralista (Sul), bem como suas estruturas de poder e o imbricamento entre poder local e poder central.
O Caminho das Nuvens é uma miscelânea entre enredo e realidade que arranca risos e lágrimas numa trama de acontecimentos que flagra, sobretudo, a realidade crucial de milhões de nordestinos rumo a melhores condições de vida, característico do êxodo compulsivo.
O enredo sinaliza dentre outras coisas que a religião integra a superestrutura, pois a miséria, fome, desemprego e outros problemas da estrutura sócio-política sublimam a hipótese de revoluções das massas quando elementos simbólicos como fé, esperança, providência e resignação (que compõe o discurso cristão) são incorporadas no pensamento cristão. É ainda uma idéia milenarista que foi historicamente localizada, e suas raízes desenvolveram-se na captação de novos elementos seja através de Pe. Cícero Romão – “O Padim” em Juazeiro, ou por Nossa Senhora da Boa Viagem em Itaiçaba, São Sebastião em Aracati, etc.
O mentor de sacrificar a mulher e os cinco filhos é Romão (Wagner Moura) um autêntico fanático nordestino que como ninguém embriaga-se da religião popular e encarna a vida real de Cícero Ferreira Dias que iniciou uma empreitada de percorrer 3.200 km da Paraíba ao Rio de Janeiro numa bicicleta para conseguir um emprego com salário de R$ 1.000.00 reais.
A diáspora de nordestino é uma prática que vem de longe tempos. Durante o Império (fins do século XIX) por ocasião das secas, mas não só, também por falta de planejamento regional milhares de emigrantes invadiram a cidade de Fortaleza sobre paus-de-arara, rural, jipe. Seu aspecto fantasmagórico: descalços, esfarrapados, sujos e esqueléticos incomodaram tanto as oligarquias cearenses que o Estado imperial subsidiou passagens para outras capitais do país, sobretudo, Maranhão, São Paulo, Minas gerais, Amazonas etc. onde a carência de mão-de-obra era enorme por ocasião da abolição. Nas estradas de ferro, cafezais, extração da borracha ou nos engenhos havia sangue e suor nordestino em troca de melhores condições de existência que mitigassem a fome, a doença e miséria absoluta, no dizer de Euclides da Cunha – o nordestino é um forte – mas é também um iniciado a exclusão social e econômica incapaz de viabilizar um happy and. Inepta religião dos pobres que não se rebela contra a estrutura política, mas ao contrário, curte todas as dores como São Sebastião – mártir da dor e do sofrimento – por esse motivo, talvez, tenha levado Marx a articular a religião como ópio do povo. Alienante, pois sepulta o revolucionário e ressuscita o santo, pacifista e acomodado socialmente. Oxalá!
Ressurreição, reencarnação, ancestralidade e o nada
As civilizações ao longo de sua história elaboraram quatro diferentes concepções fundamentais para a compreensão do que possa acontecer com a alma depois da morte. São elas a reencarnação, a ancestralidade, a ressurreição e o Nada. Inicialmente parte-se da premissa de que o corpo material é um composto habitável por um ser incorpóreo denominado de alma (espírito ou adjacente). Desse modo, supõem-se que o corpo humano (com forma, peso, tamanho, cor) seja animado por um princípio vital (sem forma, sem peso, sem tamanho, sem cor). Vejamos cada uma dessas concepções em particular: REECARNAÇÃO: nascer-morrer-renascer A concepção reencarnacionista foi defendida por filósofos, historiadores, religiões como a do Egito Antigo, o Hinduísmo, Budismo, Jainismo, Sikhismo, Taoismo, religiosidade indígena, Vodu, Cabala judaica, Rosacrucianismo, Espiritismo e inclusive o Cristianismo esotérico. Há indícios da crença na reencarnação desde a Pré-história onde achados arqueológicos enco
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