A Revolução de 30
Desde a década de 1920 uma forte ebulição de cunho político, econômico e social assolava a sociedade brasileira. A estrutra polítca do modelo oligárquico não se sustentava mais com a ascensão social das camadas médias e a questão das reações sociais deixavam de ser vista como caso de polícia. A questão econômica caracterizava-se pelo impulso dado à industrialização, já no âmbito social percebe-se o caráter nacionalista, o protecionismo e intervenção do Estado.Os anos eram de intensas rebeliões e contestações, no entanto eram igualmente favoráveis para o surgimento de movimentos revolucionários.
Um desse movimentos que expressavam a indignação contra o domínio das oligarquias foi o movimento tenentista (19222-1927) que ficou caracterizado pela rebeldia dos militares contra a República. Como se sabe, os militares desde a Proclamação da República, sempre mostraram interesse em participar da política brasileira. Por outro lado, o tenentismo também expressou uma reação do estado de mal-estar social em que viviam a classe média e a população urbana. Outro ponto a se ponderar nessa rebelião, é o fato do movimento ter sido um levante de jovens tenentes e não mais uma iniciativa de altos escalões do Exército como por exemplo, os marechais. Para Iglesias a “política dos governadores,” foi a articulação de um esquema entre o poder estadual e o poder federal em troca de favores consentidos onde os governadores (conhecidos como presidente do estado) concordavam em angariar o maior número de senadores e deputados em prol da Reública. Como recompensa, o presidente da República apoiaria a autonomia dos estados e apoiaria a política local. Essa política culminou num ranço político conhecido como nepotismo, clientelismo que acontece ainda nos dias de hoje ainda que velado ou escancaradamente. Os cargos de justiça, vaga na polícia, empregos escolares entre outros eram indicados e nomeados pelos presidentes dos estados. A população era mantida de fora e assistiam bestializados os acordos políticos, as cirandas da política café-com-leite pelo poder.
Um fato ocorrido em 1927, marcado pela marcha de Prestes pelo país e encampada pela crise dos cafeicultores, acabariam contribuindo para que em 1930 Júlio Prestes fosse levado à presidência da República. Em 1929 o presidene Washington Luís, do Partido Republicano Paulista (PRP), lançou o nome de Júlio Prestes para a sucessão do governo. Essa investida rompia com a política do “café-com-leite” que alternava o poder entre um paulista e um mineiro. Sentido-se traídos, os mineiros aliaram-se ao Rio Grande do Sul e à Paraíba, formando a Aliança Liberal, lançando o nome de Getúlio Vargas. Em 1926 uma divisão dentro do Partido Republicano Paulista, por parte de alguns integrantes que reagiram contra a orientação partidária, funda o Partido Democrático (PD) cujos ideais defendiam o voto secreto e obrigatório além do que contavam com o apoio da classe média. A Aliança Liberal apresentava um programa inovador, pois prometia atender às reivindicações operárias e anistiava os tenentes. Porém o descontentamento com seu governo acabaria por colocar no poder Getúlio Vargas, marcado na historiografia brasileira, não apenas pela transição presidencial, mas também assinalava a passagem da Primeira República para o Estado Novo.
A crise econômica internacional iniciada em 1929 com a queda das bolsas de valores em Nova Yorque, despencou o preço do café brasileiro no mercado externo causando enormes transtornos como desemprego, fechamento de fábricas e ameaça precípua de falência dos cafeicultores, além de um cenário político bastante conturbado.
Ao assumir o poder, Getúlio Vargas mostrou-se conservador e desejoso de dar continuidade aos interesses da elite dominante através da repressão ao movimento operário e outras investidas populares que suprimia os direitos individuais – era o início de um governo ditatorial.
Outra medida articulada para manter o controle e o poder do Estado foi através da suspensão da Constituição em vigor e a dissolução do Congresso Nacional. Através dessas medidas o presidente concentrou tanto o poder político como também o poder econômico com a criação do Conselho Nacional do Café.
Dessa maneira concebia-se o Estado Novo caracterizado pela atuação econômica voltada para a industrialização, legando poder às forças armadas e desenvolvendo no cenário social alguma proteção ao operário como a criação de leis protecionistas ao trabalhador, a regularização do trabalho feminino e dos menores de 18 anos, garantia de férias trabalhistas e estipulou a carga horária de trabalho para 8 horas diárias. A criação do Ministério do Trabalho, Indústria e Comércio foi outra realização de seu governo que ficou sob responsabilidade do gaúcho Lindolfo Collor. Essa política apaziguava as tensões sociais, pois transformavam em leis as antigas reivindicações operárias, algumas já conquistadas, outras que foram sendo incorporadas, mas que agora era ovacionado como política interna do Estado, uma dádiva do governo.
O governo Vargas favoreceu ainda que as Forças Armadas se articulassem em setores estratégicos da administração pública, legando ao Exército um poder de intervenção pelo qual a democratização do país encontraria em um futuro não distante, enorme dificuldades para se consolidar.
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