Perspectivas marxistas e processos revolucionários


      A perspectiva materialista da história, ou o materialismo histórico, preconizado por Marx, supõe que em determinado momento do desenvolvimento de uma sociedade, as forças produtivas materiais da sociedade entrará em ebulição com as relações de produção existentes. É durante esse estágio de efervescência que se tornará possível realizar mudanças na base econômica de sua superestrutura. Pois, Marx salienta que o processo histórico não é estático, mas ao contrário, está em constante transformação, no seu dizer: é dialético. O autor faz um desdobramento de sua teoria ao analisar as rupturas ocorridas nos modos de produção anteriores ao capitalismo: comum primitivo, o regime asiático, a escravatura. Para o surgimento de novas forças produtivas, é necessário o desaparecimento da classe dominante, bem como as relações de produção e a forma como essa sociedade se organiza, pois esta classe opressora nunca se desfará de seu poder e prestígio, sempre se reinventará para perpetuar seu status quo, concentrando cada vez mais sua riqueza e oprimindo a classe trabalhadora.

Segundo Marx, as contradições presentes no modo de produção capitalista, oferecem o cenário ideal para eclosão de conflitos e rupturas do regime burguês, ao passo que gesta uma nova consciência econômica incipiente. A instauração de uma nova ordem econômica, segundo Marx, é inevitável, pois a história da humanidade tem sido uma história de lutas e contradições, de dominação de uma classe sobre outra. A vitória da classe trabalhadora só será exequível com a substituição do sistema capitalista que se dará através da revolução do proletariado, fundando desse modo a sociedade comunista. 

Marx, exorta a classe trabalhadora a se organizar enquanto classe em si, a construir sua ideologia articulando-a com uma visão política unificada, rumo a construção de um novo ideal comum, uma nova maneira de pensar e agir. E por que não dizer, um novo ethos. A mudança social, nesse caso, transitaria em fases sequenciais, onde a primeira fase, e também a mais crítica – pois trata-se da transição de poder que não é concedida espontaneamente, mas conquistada pela revolução do proletariado – instauraria a sociedade comunista. Segundo Marx, a instauração de uma nova ordem político-econômica, um novo modo de produção, não se sustentaria na exploração e subjugação do trabalho, na apropriação de terras e na divisão de classe, mas numa sociedade que atenda às reais necessidades do homem.

Ainda segundo Marx, a filosofia deteu-se muito tempo na reflexão sobre os problemas do mundo, sobretudo preocupada em explicar e compreender a realidade, sem transformá-lo. A mudança social ocorre por meio das lutas de classes, que é o motor da História. A mudança social ocorre através de processos de transformações na base econômica (infraestrutura) que por sua vez, alteram as relações no interior da superestrutura por meio da revolução. Marx desfaz a ideia, segundo a qual a consciência dos homens determina sua existência, pois a consciência que o homem faz de si no seu tempo são construídas pelas forças ideológicas e afirma, ao contrário, que é a existência social que determina a consciência. Somente através das contradições da vida material e o conflito entre as forças produtivas e as relações de produção, o homem toma consciência desse conflito e luta para transformá-lo.

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