Plano de Metas de JK: 50 em 5

O plano de metas de JK contemplava o desenvolvimento de vários setores da economia brasileira, entre eles o setor de Transportes. Com o slogan: cinquenta  anos em cinco, prometia um desenvolvimento do país por meio da aceleração da economia a partir de investimentos na indústria de base e da infraestrutura nacional o setor de transportes foi onde houve maior investimento de capital (reativamento das estradas de ferro, estradas de rodagem, portos, barragens, marinha mercante, aviação). Marcado por um período de grande otimismo social, a indústria automobilística foi a que mais se destacou e tembém a que mais imbutiu orgulho nos brasileiros (salvo a meta da construção de Brasília). Ao lado do setor energético o investimento no setor de transporte está entre os maiores investimentos destinados pelo plano de metas, talvez pelo fato do carro estar associado à status, poder e prestígio naquele contexto social. Observe o quadro demonstrativo das décadas de 1957 a 1961. Valores relativos em bilhões de Cr$ e milhões de US$.





Produção
Interna
Cr$
Importação


US$
Importação


Cr$ *
Total


Cr$
%



Energia
110
862,2
69
179
42,4
Transportes
75,3
582,6
46,6
121,9
28,9
Ind. Básica
34,6
742,8
59,2
93,8
22,3
Alimentação
4,8
130,9
10,5
15,3
3,6
Educação
12
- -
12
2,8
Total
236,7
2318,5
185,3
422
100

http://www.wirelessbrasil.org/wirelessbr/colaboradores/j_r_souza_pinto/plano_de_metas_jk.html






As indústrias, por sua vez estavam interessadas nos incentivos financeiros concedidos pelo governo JK, além de satisfazerem a demanda de seus mercados. Com isso, não havia uma preocupação de tornar o Brasil uma potência nesse setor por parte dos industriais, temiam que o Brasil se transformasse em um concorrente do mercado internacional. O estado brasileiro passou a controlar no campo dos transportes a Rede Ferroviária Federal e as rodovias gerenciadas pelos órgãos DNER e DERs.





o governo de JK


O governo de Juscelino Kubitschek caracteriza-se por um governo marcado por um projeto econômico alicerçado no setor industrial. Essa política estabelecia 31 metas com vistas ao desenvolvimento em vários setores como o energético, no setor de transportes, alimentação, educação, construção civil e ainda a expansão do parque industrial. Esse projeto de crescimento econômico ficou conhecido como Plano de Metas.

A política de incentivo à entrada de capital estrangeiro no país, ficou conhecida como Nacional-Desenvolvimentismo. Para o presidente JK o incentivo a iniciativa privada aliado ao capital estrangeiro era uma medida necessária para o desenvolvimento do país, pois entendia por nacional um programa econômico coordenado pelo Estado. Nessa estratégia, o Estado brasileiro iniciou uma série de investimentos para criar no país uma força energética através da indústria de base. Criou assim, siderúrgicas com alta capacidade produtiva, construiu extensas estradas e também construiu a nova capital do país – Brasília. No entanto, essa política estatal desenvolvia os setores menos lucrativos e de altos investimentos de capitais concedendo à iniciativa privada e ao capital estrangeiro menores despesas e maior lucratividade com a expansão de bens de consumo duráveis (eletrodomésticos, automóveis, tratores, produtos químicos, etc.).

Para Ricardo Maranhão, a política desenvolvimentista correspondia aos interesses da política externa caracterizada pela nova etapa da expansão do capital monopolista que visava ao investimento industrial aos países em subdesenvolvimento que configura por assim dizer, a nova fase do imperialismo econômico. Francisco Carpi acrescenta que a prática desenvolvimentista de JK além de reforçar a industrialização nas regiões tradicionalmente de produção fabril como São Paulo, baseava-se em modelos tecnológicos do capitalismo europeu e norte-americano. Esse capitalismo incipiente absorvia a baixos soldos a limitada mão-de-obra existente, ao passo que acentuava o caráter internacionalizado da economia brasileira. Os benefícios desse desenvolvimento favoreciam somente as classes médias e alta que tinham acesso as inovações da indústria moderna.

Economicamente, implicou na permanência do capital estrangeiro na economia nacional, pois criava laços com setores internacionais, por meio das importações de tecnologias para produtos farmacêuticos, automóveis, máquinas, produtos químicos e capital para o pagamento dessas tecnologias, dos empréstimos e juros. Segundo Francisco Iglesias (1993), o plano de metas não significou muito para a grande maioria da população, pois permaneceu inauterada a estrutura da sociedade brasileira. Segundo o autor, essas medidas atendia os interesses dos partidos PSD (base principal) e também a UDN. No campo, as tensões foram se intensificando e criaram movimentos de protestos como a Liga camponesa do Nordeste liderada por Francisco Julião. Surgiu primeiramente em Pernambuco e depois se estendeu para outros estados como Paraíba, Rio de Janeiro, Goiás, etc. O conflito entre latinfundiários e a Liga camponesa é considerado como o primeiro grande conflito que envolvem esses dois segmentos. As ligas camponesas foram violentamente massacradas. O plano de metas de JK, além de não prever grandes sacrifícios, provocou reações contrárias. Setores da economia sentiam-se confortável com a alta da inflação que lhes garantiam altos lucros, ao passo que o setor trabalhista mobilizava-se por verem na política um programa associado a arranjos com o imperialismo e também porque os valores salariais não eram reajustados e nem acompanhavam a alta da inflação.



No final de seu governo a economia brasileira mostrava-se instável devido ao aumento da inflação. Pressionado pelos organismos internacionais para controlar a inflação, JK negou-se a fazer uma política de contenção (redução salarial, diminuição dos créditos estatais às importações de mercadorias essenciais como a gasolina.), no entanto, articulou uma aliança com os militares através da concessão de importantes cargos administrativos aos militares e cargos de menor envergadura ao setor político. Essa estratégia garantiu considerável controle da política, manobrava o Congresso Nacional a fim de que seus projetos fossem aprovados. Quando JK garantiu ao general Lott o cargo de ministro de Guerra, explicava-se o comprometimento de seu governo com os militares. A política de desenvolvimento de JK deu grande impulso ao crescimento do país, no entanto se no início de seu programa havia dificuldades de obter financiamentos, por outro lado as relações financeiras do Brasil com os agenciadores do capital acabou para o endividamento do país e consequente agravamento das desigualdades sociais. Durante seu governo a dívida externa cresceu, aumentando também a dependência do Brasil em relação ao capital estrangeiro, esses problemas porém, não impediram que JK entregasse o governo vitorioso, gozando de grande prestígio popular.

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