Reflexões sobre temas afrobrasileiros

discutindo a ideia de raça
Apesar da ideia de raça ter sido amplamente discutida no módulo I, penso que a retomada do tema é sempre pertinente dentro e fora dos círculos universitários. O conceito e a definição de raça, sobretudo pela ciência incipiente do século XIX, teve em seu bojo consequências negativas, custando muito caro aos naturalistas, médicos sanitaristas e muitos literatos que impingiram no negro a alcunha de espécie "inferior". Mas o termo raça já era explorado no século XIII pelas ciências naturais. Muitas das características físicas foram fomentadas para supostamente provar a superioridade do branco sobre o homem negro. Atualmente, descobertas sobre o DNA humano revelaram que o homem pertence a mesma espécie homo sapiens sapiens, o uso do termo raça começava a ser revisado, inclusive essa descoberta comprovava uma premissa que as ciências sociais já defendiam há anos: a de que o preconceito tem uma origem social e foi sendo construído submetendo os indivíduos numa relação de poder e conflito em contextos culturais diversificados.

As Danças Afro.
Originalmente, a dança com seus ritmos e cantilenas sempre esteve associada ao sagrado, seu objetivo era expulsar os maus espíritos, ou como acontece ainda em algumas tribos aborígenes, usada para curar os enfermos. Lembremos que essas práticas permanecem atuantes no México, Austrália, EUA, Japão, inclusive aqui no Brasil. 
Uma das características da dança afro são os movimentos requebrados e soltos (get down). Os movimentos e postura são associações à Orum (Céu) e ao Aiyê (Terra), já a ginga na dança afro, reverenciam os orixás Naná e Oxalá. Alguns dos elementos e técnicas corporais são definidas através da postura: pés planos e dobrados, os braços ficam semiflexionados realizando os movimentos de Ijexá, a bacia desencaixada (retroversão) para valorizar o get down. Agilidade e soltura de cabeça, ombros, braços, tronco e quadril são pontos em comum dos movimentos, que variam entre intensa energia, lentidão e sensualidade. Os joelhos flexionados e os pés marcando fortemente o ritmo mostram a ligação com a terra. Some-se a isso, a indumentária e adereços (musicalidade, cabelo, figurino, etc.) que reportam a simbologia e a significação da ancestralidade que a dança evoca.

desigualdades
A condição em que se encontra o negro na nossa sociedade mantêm vivo o mito da democracia racial, segundo a qual todos têm as mesmas oportunidades e condições para alcançar os fins desejados.O Instituto de Pesquisas Econômicas e Aplicadas - IPEA divulgou recente resultado sobre a situação econômica entre brancos e negros. Há um abismo entre ambos cruzando fatores como escolaridade, trabalho, emprego e renda. Outros determinantes como o sexo e classe social aumenta a vantagem de brancos sobre os negros. Essas pesquisas são reveladoras sobre a desigualdade étinico-racial entre trabalhadores que exercem as mesmas funções. Por exemplo, exercendo o mesmo papel social que um homem branco, o negro não goza do mesmo prestígio social que o branco, com um agravante: ganha menos que um trabalhador branco. A discriminação velada é determinante para alargar as desigualdades socioeconômica do Brasil.




Figura: Disponível em https://www.google.com.br/webhp?sourceid=chrome-instant&ion=1&espv=2&ie=UTF-8#q=imagem%20negros. Acesso em 12/06/14

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Ressurreição, reencarnação, ancestralidade e o nada

Durkheim - a religião é um fato social

Antropologia Interpretativa