Sociologia, PCN e Currículo

Parece razoável afirmar que a disciplina de Sociologia vem se consolidando ao longo dos anos, através de leis que garantem sua efetiva realização nas unidades de ensino do país. A licença da disciplina conta com a Lei de Diretrizes e Bases de 1996 (LDB/1996); Parecer 15/98; Resolução 03/98. Todas contempladas nos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN/2000) e tentam responder as questões do tipo: por que ensinar Sociologia? O que ensinar? Como ensinar? Afirmam ainda que o conhecimento sociológico tem as seguintes atribuições: "investigar, identificar, descrever, classificar e interpretar/explicar todos os fatos relacionados à vida social (PCN, 2000)" (.PLANCHAREL; OLIVEIRA, 2007: 140). É inegável a pertinência e contribuições que a sociologia pode desenvolver no alunado, como por exemplo, no aguçamento de sua consciência crítica participante.

No entanto, Moraes(2012) reconhece que a situação da escola pública no Brasil compromete o desempenho do ensino de sociologia e ressalta que essa situação coloca a escola como objeto sociológico. Declarando ser um defensor da obrigatoriedade do ensino de Sociologia e que a polêmica que envolve a sociologia no ensino médio está ligado a tradição e corporativismo das outras disciplinas. O autor finaliza problematizando que do mesmo modo que se debate sobre escola pública e currículo deve-se debater os objetivos indicados pela LDB ao incluir o aprimoramento da pessoa humana (formação ética, autonomia intelectual, pensamento crítico), já que as escolas particulares orientam para o vestibular.

Além disso, outro problema apontado é a adoção do livro didático, Moraes defende que não existe um livro didático de sociologia consagrado nacionalmente porque estes livros não passam pela crítica especializada e como alguns professores não se dedicam a pesquisa, com isso, acabam por seguir as orientações do livro acriticamente. Outro problema é o número de aulas, não tem como definir o conteúdo sem antes definir o número de aulas. Se o objetivo do ensino de sociologia é criar uma consciência sociológica no aluno, questões como proposta única, quantidade e seleção de conteúdos acabam sendo sem sentido. Sendo os conteúdos variados, a metodologia é quem fará a diferença e aqui reside principalmente a formação em licenciatura ou domínios das práticas de ensino, pois a escolha dos conteúdos terá sempre caráter arbitrário. Partir de temas diversos, variando as estratégias de ensino é o que se pode fazer no ensino médio (op., cit.).

O currículo de Sociologia no Brasil pode ser analisada com base em dois eixos: os tradicionais conservadores e as concepções críticas. Um e outro foram modelos transplantados dos EUA e influenciaram o campo curricular brasileiro. O autor analisa que a seleção de um currículo não é desinteressada, isenta ou neutra. Preocupam-se, acima de tudo, em atender aos interesses econômicos de grupos dominantes. Percebe-se a existência no Brasil de duas correntes bastantes influentes no campo da teoria curricular crítica: a sociologia do currículo, de orientação americana, neomarxista e outra conhecida como nova sociologia, de orientação britânica

 

 



REFERÊNCIAS

 

ZOTTI, Solange. A. Sociedade, educação e currículo no Brasil: dos jesuítas aos anos de 1980. Brasília: Ed. Plano, 2004.

PLANCHEREL, Alice. A.; OLIVEIRA, Evelina. A. Leituras sobre Sociologia no Ensino Médio. Maceió: Edufal, 2007.

[MORAES, Amaury. C. Desafios para a implantação do Ensino de Sociologia. Disponível em http://graduacao.ead.ufal.br/mod/resource/view.php?id=1716. Acesso em 24 de Jul. de 2012]

 

 

 




 

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