Globalização e interculturalidade
Na
perspectiva de Canclini (2007),
que
opera seu pensamento sobre o imaginário, a globalização pode ser
entendida como: “conjunto de estratégias para realizar a hegemonia
de conglomerados industriais, corporações financeiras, majors
do cinema, da televisão, da música e da informática para
apropriar-se dos recursos naturais e culturais, do trabalho, do ócio
e do dinheiro dos países pobres” (CANCLINI, 2007:29).
O
imaginário não pode ser compreendido como uma realidade falsa, mas
como algo imaginado por indivíduos, governos, empresas e que expõem
uma relação heterogênea entre produção e consumo, países
dependentes e países produtores preocupados
em
inserir seus bens
de consumo
em
mercados mais
amplos.
O
imaginário contribui para a arquitetura da globalização. Para
o autor, as políticas globalizadoras conseguem mobilizar
um certo
consenso
coletivo por meio do imaginário local e nacional.
O
que se anuncia como globalização nos variados setores(comunicação,
empresarial e consumo), produz uma relação inter-regional e
intercultural com a Europa, a América do Norte e determinadas
regiões da Ásia. Quando
as sociedades abrem suas fronteiras para esses mercados de
importações e exportações também são receptivas a circulação
de mensagens e ideias ativando processos sociais de intercâmbio e
assimilação cultural. A
expansão global de bens materiais e simbólicos injetam muitos
elementos culturais que são concomitantemente incorporados e
trocados. Bem ou mal, milhões de ocidentais buscam conhecer e até
uma aproximação de povos orientais que até meados do século XX
não se verificava. As migrações
(algumas clandestinas), revelam o desejo pelo modo de vida, melhores
condições de vida ou simplesmente uma viagem de férias para o
Extremo Oriente: Índia, Japão e Hong Kong – que os jornais,
revistas e filmes proporcionaram um primeiro encontro despertando no
individuo o imaginário, o simbólico.
As
relações entre a globalização e a interculturalidade também pode
ser interpretada como um processo histórico capitalista, de maior
receptividade entre as novas gerações, que
sobre uma lógica imperialista dita valores econômicos em
detrimentos das tradições culturais de um determinado povo. Milton
Santos (apud.
CESNIK,
2005,
42.)
afirma que o
estado de miséria em que vive grande parte da população mundial,
sobretudo nos países subdesenvolvidos, desmascara
a globalização e sua política hegemônica. A globalização
torna-se um projeto perverso, pois que separa aqueles que tem acesso
à cultura elitizada, culturas globais, por meio do poder econômico,
daqueles que tem unicamente um encontro com sua cultura local.
Outra
análise que se propõe tratar sobre as relações e efeitos da
globalização na percepção do fenômeno cultural revela que o
século XX assiste boquiaberto a mercantilização, produção e
venda de bens
culturais. Valorização
das culturas ou consciência de que determinada cultura, seus bens e
instrumentos que no fundo são referenciais de um povo, podem ser
consumidos e descartados? A divisão social do trabalho quebra a
capacidade criadora e estética da cultura, sobrepondo o modo de
produção capitalista, repetitivo, em série e quantidade, mas
não-criadora.
REFERÊNCIAS
BRANT, Leonardo. Diversidade cultural:
globalização e culturas locais: dimensões, efeitos e perspectivas.
São Paulo: Escrituras; Instituto pensarte, 2005.
CANCLINI,
Néstor. G. A
globalização imaginada.
São Paulo: Iluminuras, 2007.
CESNIK,
Fábio de Sá. Globalização
da cultura.
São Paulo: Manole, 2005.
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