ideias deterministas
A
idéia da superioridade racial é um dos típicos exemplos de
construção social baseada em características fenótipas para
alegar o negro como potencialmente inferior ao branco. E o fizeram
com aval da Ciência e do conhecimento científico. A revolução do
conhecimento tentava provar, cientificamente, que o negro pairava no
estágio mais involutivo da espécie humana, isto é, o negro era
bicho, mas não bicho-homem, sua descendência segundo estudos
climáticos e geográficos, pesquisas sobre o formato dos cabelos,
lábios e nariz, análises cranianas entre negros e chimpanzés,
comparações e outras armas modernas o colocavam em condições
inferiores a um símio.
O
neo-racismo do século XXI tentou revitalizar o status científico
dessas construções sociais através de estudos do criminologista
italiano Cesare Lombroso (1835-1909). Nos estudos de Lombroso existem
características físicas próprias que indentificam a inclinação
do indivíduo para cometer um delito ou pairar na criminalidade.
Lombroso analisou crânios de assassinos, traçou o perfil moral e
até o uso de tatuagens e fez uma constatação: é entre os dementes
que se verifica a utilização de tatuagens, a fórmula é simples
(tatuagem= incensibilidade a dor, cinismo, vaidade, falta de senso
moral, preguiça, etc.). O criminoso - e isto também é uma hipótese
das ciências médicas, psiquiátrica e antropológica do século XX,
tem uma tendência hereditária a sê-lo, está configurado para o
mal independente das circunstâncias sociais em que esse indivíduo
está inserido (MÜLLER).
No
Brasil as ideias de Lombroso (Escola Positiva ou antropologia
criminal) foram fecundas mesmo quando a Europa já havia percebido as
dificuldades e limitações dessa teoria. Aliás, aqui logrou êxito e
aceitação a ideia de que a criminalidade não tem origem social,
mas biológica. O rígido determinismo advogava que o crime não tem
relação com a organização social deixa de ser analisado e passa a
ser deslocado para o indivíduo-autor do comportamento desviante.
Essas construções teóricas colaboraram para consolidar o
preconceito contra negros, pobres, homossexuais, judeus e outros
grupos, além de legitimar o poder policial em sua visão orgânica e
a repressão.
FLORINDO,
Marcos T. O serviço reservado da delegacia de ordem política e
social de São Paulo na Era Vargas. São Paulo: Unesp, 2006.
MÜLLER,
Maria, L. Construção social sobre a ideia de raça e as
diferentes formas de classificação racial no Brasil. Cuiabá:
UAB/EDUFMT, 2010.
KÄFER
Josi. Antropologia
criminal: conceito geral com base doutrinária de antropologia
criminal.
Disponível em
http://www.direitonet.com.br/artigos/exibir/6202/Antropologia-Criminal.
Acesso em 24 de Set. de 2013.
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