Leitura e fichamento do texto: HOBSBAWM, Eric. O terror. In: Globalização, Democracia e Terrorismo. São Paulo: Companhia das Letras, 2007, pp. 97-115.
O autor inicia
questionando sobre mudança na natureza do terror político do século
XX e constata o aumento da violência no Sri Lanka – um país de
maioria tâmil e que conquistou a liberdade mansamente. O país era
dividido por dois partidos no seu tempo de colônia: o Partido
Comunista e um Partido Trotskista, ambos avessos ao terrorismo. Com a
independência, o país tomou um rumo socialista moderado que trouxe
bem-estar social. As divergências entre tâmeis e cingaleses,
desenvolveram organizações armadas no Sri Lanka, no momento que
havia tensões etnolinguísticas e insurreições. O JVP é uma
dessas organizações de esquerda culta que modulando ideias
maoístas, chauvinistas e budistas organizaram um movimento
terrorista e campanhas de assassinatos contra adversários políticos.
Para Hobsbawm o aumento da violência, em geral, tomou força desde a
Primeira Guerra Mundial, principalmente em Estados fortes e estáveis
e instituições políticas liberais. Outro fator que explica o
aumento da violência nos países desenvolvidos foi a perda do
monopólio e da legitimidade. A degeneração patológica da
violência política, na visão do autor, resulta da anomia crescente
da vida na cidade disseminada pela cultura da droga, uso de armas,
declínio do recrutamento militar e surgimento das forças especiais
da elite. Outro fator de geração da violência sem limites é a
convicção ideológica ceifada em 1914. Não é a banalidade do mal
que reflete o megaterror do século passado, mas ao contrário, é a
substituição dos conceitos morais por imperativos superiores. A
barbárie tem sido contínua, mas não uniforme e teve seu auge no
período que vai de 1914 a 1940 e tornou a aumentar na década de
1990 incluindo-se os conflitos religiosos. Para Hobsbawm três
episódios marcam as violências políticas de 1960: o neoblanquismo,
o conflito étnico-religioso e o estabelecimento do movimento
terrorista, cujo modus operandi é de maneira transnacional. Quanto
aos aspectos que caracterizam esses movimentos, Hobsbawm destaca
dois: consistem em grupos de pequenas minorias e caracterizam por
serem cultos e de condição social mais elevada. Na Europa, a
política de enfrentamento à nova violência política resumiu-se ao
uso da força limitada (sem maiores alterações nos governos
constitucionais) e de alguns sérios excessos no uso do poder. É
compreensivo que grupos terroristas e a imprensa criem nervosismos
nas pessoas comuns do Ocidente, mas em 2001 a atitude-padrão era
negar-lhes o “oxigênio da publicidade”. Para o autor a “guerra
contra o terror” não provém dos homens-bombas, mas da crise
global expressa nas transformações da violência política,
refletida na crise dos sistemas tradicionais de autoridade, hegemonia
e legitimidade, nos profundos desequilíbrios sociais caracterizada
pelas rápidas e intensas alterações jamais vista. Elas têm
exacerbadas pelo fracasso da descolonização e fim de um sistema
internacional estável desde o colapso da União Soviética. Se
revelarão além dos poderes de neoconservadores e neoliberais que
acreditam na exportação de seus valores ocidentais através da
expansão dos mercados e intervenções militares.
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