Sociedade primitiva
Para os evolucionistas, as diferenças culturais eram compreendidas não a partir da alteridade dos povos, mas conclusivamente como estágios históricos onde cada período étnico sucederia um novo período com base no anterior, porém mais evoluído que seu precedente. A base explicativa dos antropólogos evolucionistas eram as chamadas “regras gerais da civilização” pautadas nos dados etnográficos.
Para a antropologia do início do século XIX, ainda incipiente enquanto ciência, vigorava uma ideia segundo a qual existia uma unidade psíquica da humanidade, isto é acreditavam que os seres humanos se diferenciavam pelo grau de evolução cultural e não racial (como defendiam os poligenistas). A ideia de evolução cultural das sociedades afirma a existência de culturas mais evoluídas em determinadas sociedades em relação a outras mais retrógradas. Nessa linha de pensamento desenvolveu-se a existência de três diferentes períodos: a selvageria, a barbárie e a civilização. A selvageria e a barbárie passaram por três estágios evolutivos (inicial, intermediário, final) até atingir o status de civilização. Desse modo, a humanidade ao longo dos milênios foi aperfeiçoando seus instrumentos de trabalho, utensílios, desenvolvendo seu conhecimento através de descobertas, novas invenções, domesticação de animais, arte, cerâmica, uso de metais até atingir o estágio mais evolutivo com a ascensão e desenvolvimento da escrita. Ainda segundo o evolucionismo cultural todas as ideias modernas (subsistência, governo, linguagem, família, religião, vida doméstica e arquitetura, propriedade ) foram fundadas em períodos anteriores. Para os defensores do evolucionismo cultural, a história da humanidade é linear e progressiva – a história da humanidade é uma só na origem.
Essa ideias tiveram
muita aceitação durante o século XIX pois emergia uma necessidade
de estudos sobre a sociedade e o homem. Em 1830 havia ampla discussão
sobre evolução humana. Em 1959 a publicação do naturalista Charles
Darwin, intitulado “A origem das espécies acirrava ainda mais os
debates e ao mesmo tempo conferindo legitimidade a teoria
evolucionista. Para o filósofo Herbert Spencer a evolução
biológica dos estudos de Darwin também podia ser observada,
paralelamente na evolução da humanidade de formas mais simples à
mais complexas. Spencer considerava a evolução biológica associada
ao progresso cultural das mais variadas formas da organização
social, política, religiosa e econômica. Com a descobertas de novos
continentes três autores consolidaram a antropologia enquanto
ciência do homem: Lewis Henry Morgan, Edward Burnett Tylor e James
George Frazer. Através do método comparativo e diante da descoberta
de povos que viviam no estágio da selvageria, esses autores tentaram
explicar as diferenças culturais através da observação das
sociedades ditas primitivas na busca de reconstruir a história da
humanidade. O determinismo cultural e a ideia de superioridade de um
povo, eurocêntrico, sobre os demais prevaleceu até fins do século
XIX, quando o evolucionismo perde sua força e é criticado por
apresentar certo etnocentrismo latente nas ideias de seus pensadores
e do contexto histórico-cultural de dominação dos povos europeus.
2 Fichamento do
texto “A Ciência da Cultura” de Edward Burnett Tylor
a)
Título:
Evolucionismo cultural: textos de Morgan, Tylor e Frazer
b)
Autor: Celso
de Castro
c)
Dados da publicação: seleção,
apresentação e revisão por Celso de Castro; tradução de Maria
Lúcia de Oliveira. Rio de Janeiro: Jorge Zarah, 2005.
d) Objetivos do
autor neste texto:
Oferecer uma
compreensão das leis da natureza humana sem a lente dos pressupostos
teologais ou metafísicos (p.32)abordando estudos sobre as várias
culturas e os diferentes estágios a que passaram essas civilizações
(p.35); O autor oferece uma definição de cultura como sendo algo
adquirido pelo fato do homem viver em sociedade. Assim, o homem
absorve do meio em que vive várias construções sociais como
ideias, moralidade, costume, religião, linguagem, etc.
Segundo
Celso de Castro, os estudos sobre cultura além
de investigar a situação da cultura entre as várias
sociedades,[...]sintetizam
idéias-chave de teoria e método característicos do evolucionismo
cultural.
No entanto, por questões de limitação do método comparativo das
análises “ Existe
pouca necessidade de se respeitar, em tais comparações,
data na história ou lugar no mapa [...];
Nesse caso, o trabalho do etnólogo seria classificar detalhadamente
vários aspectos de cada complexo cultural.
Para Tylor a cultura
deve ser tomada como ciência do homem conforme o modelo das ciências
naturais.
e) Principais pontos deste texto, definições do autor e os conceitos de cultura, sobrevivências culturais:
Cultura:
Cultura
ou Civilização, tomada em seu mais amplo sentido etnográfico, é
aquele todo complexo que inclui conhecimento, crença, arte, moral,
lei, costume e quaisquer outras capacidades e hábitos adquiridos
pelo homem na condição de membro da sociedade (p.
31).
- Sobrevivências
culturais:
Trata-se de
processos, costumes, opiniões, e assim por diante, que, por força
do hábito, continuaram a existir num novo estado de sociedade
diferente daquele no qual tiveram sua origem, e então permanecem
como provas e exemplos de uma condição mais antiga de cultura que
evoluiu em uma mais recente.(p.40).
Observa-se que a
alguns costumes antigos que se mantém-se vivo na modernidade pode
explicar a existência de uma transição de uma sociedade bem como
sua evolução no tempo. Esses aspectos culturais que permanecem
vivos diante dos avanços tecnológicos são conhecidos como
“sobrevivências culturais” de um período étnico que pode ter
sido fundado na selvageria ou na barbárie no curso do
desenvolvimento histórico – principal ponto de partida da pesquisa
etnográfica. As sobrevivências culturais são dos mais variados
exemplos como ditados populares, crenças, jogos, costumes,
supertições.
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