Conceitos de Erving Goffman
Essa discussão teórica
procura descrever a ação dos atores participantes da instituição
social Igreja, em consonância com os conceitos definidos pela
microssociologia de Erving Goffman. Entre os conceitos desenvolvidos
por Golffman, o de Performance é um dos considerados fundamentais
para a compreensão do funcionamento desta instituição social e de
como se efetiva a situação de interação entre os vários
sujeitos.
Na
análise goffmaniana, a sociedade é metaforicamente semelhante a um
teatro, onde os atores sociais desempenharão vários papéis e farão
trocas, resultando
na interação
com diferentes indivíduos. Goffman orienta que
é possível refletir a ação de uma determinada instituição
social (neste exemplo, a Igreja) a partir da noção de fachada
social. Para Goffman, a fachada (apartamento, templo, estádio, etc.)
é um equipamento expressivo, de uso consciente ou não, que carrega
um tipo de padronização característico e peculiar. Através da
fachada é possível identificar as representações que podem ser
compreendidas por meio do tripé: cenário-aparência-maneira.
No cenário religioso,
são dispostos elementos cenográficos como o altar, cadeiras,
tapetes, ornamentações, entre outros. O cenário tem como
característica ser estático, permanecendo no mesmo local e tendo
como pano de fundo uma representação do sobrenatural, do sagrado
(espaço não profano), e de que somente algumas pessoas “especiais”
podem representá-los. Por meio do cenário o indivíduo se impõe
com determinado comportamento, um modo de ser que é próprio da
representação e esforça-se para que aquilo que aparenta ser, no
jogo das interações, seja assimilado como real (BITTENCOURT,
2014).
A aparência, segundo
Goffman, é uma preocupação que define e diferencia o status social
que cada indivíduo ocupa nas representações. Assim, enquanto um
fiel traja roupas de um cidadão comum, os seus representantes se
diferenciam pelo terno e gravata, batina, uso de símbolos e
significados restritos e também pela maneira como manipula os
rituais. “Goffman argumenta que tanto o cenário(ou palco)
no qual a performance acontece quanto a aparência e o
estilo do(s) executante(s) são determinantes no front
da vida cotidiana.” (MORRISON;LASHLEY, 2004). Goffman percebeu que
através da aparência os indivíduos constroem representações e
esteriótipos com base na percepção sensorial. O bordão de que o
hábito faz o monge, é um típico exemplo desenvolvido sobre o
conceito de aparência. Desse modo, um líder religioso qualquer, que
em seu leito familiar seja visto como um personagem autoritário, ao
desempenhar seu papel de líder religioso, conselheiro espiritual no
templo, tem sua performance multifacetada pelo cenário, a aparência
e a maneira, ao criar uma situação de diálogo e apaziguador de
conflitos entre os fiéis.
Numa definição de
situação, a visão autoritária cede lugar a realização
dramática, fazendo com que o espectador tenha uma impressão
positiva de sua performance, legitimando-a. As relações de poder
existentes entre os diferentes papéis (o de pai e o de líder
religioso) podem variar quanto a legitimidade, sendo que a ação de
uma situação mal definida corre o risco de ser considerada
ilegítima (GASTALDO, 2008). Para o interacionismo simbólico, a
situação é algo que pode ser manipulado por parte de quem tem o
poder de definir a situação. Através de estratégias de
representação, focada na aparência, tanto o indivíduo quanto o
grupo contribuem para reforçar a personalidade e o status social que
desempenham (NUNES, 2005).
Numa perspectiva do
interacionismo simbólico, além dos conceitos de fachada e
realização dramática, utilizados nessa breve explanação,
outras definições de Goffman como indivíduo cínico, indivíduo
sincero, mortificação do eu, comunicação imprópria e
instituições totais, dariam
uma abrangência muito maior
sobre a atuação e
performance das instituições sociais que administram o simbólico,
como é o caso das religiões.
REFERÊNCIAS
BITTENCOURT,
João. Sociologia 3. [material didático]. Maceió: Edufal.
2014.
GASTALDO,
Édison. Goffman e as relações de poder na vida cotidiana.
[Revista Brasileira de Ciências Sociais. Vol. 23, nº. 68]. 2008.
MORRISON,
Alison.; LASHLEY, Conrad. Em busca da hospitalidade:
perspectivas para um mundo globalizado. São Paulo: Manole, 2004.
NUNES,
Jordão. H. Interacionismo simbólico e dramaturgia: a sociologia
de Goffman. São Paulo: Associação Editoral Humanitas; Goiânia:
Ed. UFG, 2005.
Figuras:
Figura 1.
Disponível em
https://www.google.com.br/search?q=image,+fachada+igreja&tbm=isch&tbo=u&source=univ&sa=X&ei=mDZIVOzaLNaRgwSX7ICICQ&ved=0CCsQ7Ak&biw=1366&bih=641.
Acesso em 22 de Outubro de 2014.
Figura 2.
Disponível em
https://www.google.com.br/search?q=imagem+altar&tbm=isch&tbo=u&source=univ&sa=X&ei=U01IVLrYL8XjsATqtoCYBg&ved=0CDMQ7Ak&biw=1366&bih=641.
Acesso em 22 de Outubro de 2014.
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