Indústria cultural segundo Adorno e Horkheimer

            A origem do conceito Indústria cultural não era bem-visto por Adorno e Horkheimer, pois o termo surge no contexto de produção de bens culturais a serviço do nazismo. A crítica formulada também se detém em grande parte, ao trabalho “A obra de arte na era da reprodutibilidade técnica”, de Walter Benjamim, em 1936.1 Tanto Adorno quanto Horkheimer divergiram com a ideia de que o cinema e o rádio integram o mundo das manifestações artísticas, como alegava Walter Benjamim. Para eles, esses veículos de comunicação, são produtos da indústria cultural globalizada e como tal, estão a serviço de um mecanismo de exploração dos bens culturais. Os autores além de rejeitarem o conceito veiculado sobre indústria cultural, desenvolveram pesquisas nesse campo, a ponto de se tornarem referência.2

Adorno e Horkheimer, na obra intitulada “Dialética do esclarecimento” de 1947, criticam o processo de racionalização do Ocidente e o modo de produção em série, pelo fato desse tipo de produção impedir o desenvolvimento criativo de novas tendências artísticas, pois na indústria cultural, a produção seriada e a reprodução impedia o processo de inovações artísticas que se pautavam na criatividade e originalidade.3 A indústria cultural, na concepção desses autores, destrói a herança cultural herdada, pois como ela rompe com a capacidade criadora, submete às póstumas gerações pouco ou nada de inovações culturais, limitando-se apenas em transmitir o que já foi descoberto. Essa transmissão também sofre alterações, pois reduz-se às demandas de mercados consumidores.4

As críticas desenvolvidas por Adorno e Horkheimer a Walter Benjamim, acusam-no de desenvolver uma visão otimista e até certo ponto ingênua sobre o processo de industrialização da cultura. Ao contrário do que se pensava, o homem moderno não se libertou de seus grilhões, mantendo-se preso ao progresso e a técnica.5 No processo de industrialização da cultura tudo pode ser midiatizado e consumido. O cinema, que outrora era atividade prazerosa, passa a ser manipulada para controlar ou ditar os valores e comportamentos, nesse sentido, a indústria cultural é um produto do sistema capitalista moderno a serviço de uma ideologia burguesa dominante. Acorrentado a essa ideologia o homem moderno perde sua autonomia, de modo que para Adorno o homem ficou reduzido ou a uma mercadoria, ou a simples instrumento de trabalho. Nas sociedades modernas o sistema econômico rege a lei do mercado substituindo o pensar pelo consumir, a reflexão pelo lazer (extensão do seu trabalho), pois até mesmo a felicidade do homem está condicionada aos anseios da indústria cultural.6 Pelas lentes da teoria crítica adorniana, a indústria cultural foi desmistificada e o seu caráter de cultura popular, acessível e integradora foi contrariada. Adorno divergia frontalmente com os apologéticos da indústria cultural e argumentava que a indústria cultural não permitia espaços para particularidades e autonomia do indivíduo. A única abertura era o espaço da dominação e do subjugo de uma ideologia dominante que transitava do antigo modelo reificado para o mundo administrado no contexto da industrialização.7








REFERÊNCIAS


1 BITTENCOURT, João. Sociologia 3. [material didático]. Maceió: Edufal. 2014.

2 op.cit.

3Idem. Ibidem.

4Idem. Ibidem.

5Idem. Ibidem.

6 SILVA, Daniel. R. Adorno e a indústria cultural. Disponível em http://www.urutagua.uem.br//04fil_silva.htm. Acesso em 11 de Nov. 2014.

7 DUARTE, Rodrigo. Teoria crítica da indústria cultural. Belo Horizonte: UFMG, 2003.

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