Interacionismo simbólico
Existem
inúmeras situações da vida social que podem ser enfocadas sob
diferentes abordagens do pensamento sociológico clássico. Quando as
interações sociais são analisadas por meio de dois ou mais
indivíduos, têm-se uma vertente desenvolvida sob uma perspectiva de
Georg Simmel. Quando porém, a ênfase recai nas relações sociais,
têm-se uma orientação construída na perspectiva de Karl Marx.
Mas, tanto Marx quanto Simmel concordavam que a vida social formavam
um conjunto amplo e variado dos processos interativos – a interação
é pensada como o motor da vida social ( BITTENCOURT, 2014).
Se,
pois, analisarmos o isolamento que configura muitos grupos sociais
marcados pelas diferenças biológicas, verifica-se que alguns
mecanismos sociais reforçam e até legitimam o isolamento estrutural
desses grupos. Assim, se tem o isolamento de grupos humanos marcados
pela insígnia de características fenótipas como a cor da pele,
olhos, cabelo, o gênero, tamanho, idade, etc. Numa perspectiva do
interacionismo simbólico, essas diferenças são compreendidas como
resultado da reciprocidade de ações sociais que são construídas
no interior do grupo social. Graças ao método interacionista
simbólico é possível ter uma minuciosa descrição dessas ações
no contexto das interações sociais (LAKATOS, 1985). O isolamento de
um indivíduo ou grupos de indivíduos podem ocorrer, através de
ações que encorajam o preconceito racial, “quando diante do
olhar de outros, percebiam a si mesmos como objetos e essa
objetificação se dava por meio das interpretações daqueles com
quem interagiam” (BITTENCOURT, 2014: 14). A situação ilustrada na
imagem menciona uma ação que segrega direitos civis, como por
exemplo, o direito de ir e vir, por meio do slogan: “somente
brancos”. Essas ações interagem no meio social, encorajando a
produção de significados que supervalorizam indivíduos
considerados brancos ao passo que inferiorizam indivíduos
não-brancos. Esse tipo de situação pode gerar diferentes
percepções, dependendo muito de quem as ecarna, desencadeando
protestos ou sua manutenção. Contudo, o simples gesto de presumir o
lugar de brancos e não-brancos, segundo o interacionismo simbólico,
reflete uma ação produzida, conscientemente, transformando-a em um
símbolo. Cotidianamente, os indivíduos definem suas ações que são
movidas, segundo os objetivos de quem a produz, condicionado por
sentimentos e emoções.1
A
análise interacionista simbólica é uma teoria que tem como ponto
central a ação social – os processos de interação – que é
caracterizada pela reciprocidade da ação. O exame destes processos
previlegia o caráter símbólico que decorre da ação. Para o
interacionismo simbólico, as relações sociais não são percebidas
como algo acabado, mas dialético, aberto e subordinado na busca pelo
consenso da maioria da comunidade (giddes e Turner, 1999).
BITTENCOURT, João. Sociologia 3. [curso de educação à distância]. Disponível em
GIDDES, Anthony;
TURNER, Jonathan: Teoria social hoje. São Paulo:
Unesp, 1999.
LAKATOS, Eva. M.
Sociologia geral. São Paulo: Atlas, 1985.
1Ídem
íbidem, p. 16.
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