Movimentos de resistência no Brasil

a presença de movimentos de resistência no passado e presente do Brasil e  sua relação com a discussão atual acerca das ações afirmativas.



Marquese (2005) chama de resistência escrava coletiva todos os quilombos formados com ênfase nas revoltas em larga escala. Além das comunidades quilombolas, o surgimento em início do século XIX de outras formas de resistência à escravidão, como por exemplo o ciclo de revoltas ocorridas no Recôncavo Baiano nos anos de 1807 e 1835 definem bem seu uso conceitual de resistência, apesar das revoltas escravas terem diminuídas após a tomada do quilombo de Palmares. Alguns acontecimentos contribuíram para desencadear essas revoltas como as invasões holandesas e conflitos luso-brasileiros que, segundo o autor, intensificaram os movimentos. A configuração de um reino neoafricano em Palmares somente foi possível graças a incursão desses conflitos.

Carvalho (2008) constrói uma crítica ao academicismo brasileiro que desde a década de 1930 não vem formando consciências sobre a questão de etnicidade e racial no país. São mais de 100 anos de um significativo silêncio que impera entre as elites intelectuais brancas ou no dizer do autor: “racismo acadêmico”. As políticas afirmativas, mais especificamente as cotas nas universidades, são em grande parte mal compreendidas devido a lacuna de ações que visasse ao menos avaliar a função institucional da universidade pública.


 Movimento negro e educação


Um dos problemas mais perceptíveis e consequentemente mais gritantes em relação à população negra no país, diz respeito a escolarização. Uma das mentiras mais auriverde propalada pela ideologia racista é esta: que no Brasil se vive uma democracia racial, com igualdade de direitos e oportunidades a todos. Os movimentos negros de contestação e de cunho acadêmico estão convencidos dessa argumentação falaciosa. O que se verifica na prática é um grande contingente da população negra desempenhando uma posição social assimétrica, um baixo status quo na pirâmide social. O autor observa a existência de um ranço político do passado que nem as inovações tecnológicas nem as reformas educacionais foram igualmente capazes de solucionar. Aliás, grande parte da crítica que se faz ao mito da democracia racial se deve a fusão de dois eixos principais responsáveis pela atual malogro educacional dos negros: a exclusão e o abandono.

Os movimento de resistência desempenham vários papéis que vão desde clubes recreativos a ações políticas de conteúdo étnico. Essas agregações acabam construindo um espaço de pulverização do preconceito, de igualdade e luta. Dentre as reivindicações mais prementes está a educação, oportunidades iguais de emprego e renda, mobilidade social entre outras. Mais o acesso a educação deve ser um ensino diferenciado do praticado nas unidades escolares, cujo conteúdo é um registro de heróis brancos, europeus, vitoriosos sobre as demais nações – eurocêntrico.


REFERÊNCIAS

CARVALHO, José. J. As ações afirmativas como resposta ao racismo acadêmico e seu impacto nas ciências sociais brasileiras. Brasília: UnB, 2008.

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