resenha crítica sobre o texto de Antônio Luiz Paixão a respeito da Teoria de Tallcot Parsons.


Referência bibliográfica

[PAIXÃO, Antônio L. A teoria geral da ação e a arte da controvérsia. Disponível em http://www.anpocs.org.br/portal/publicacoes/rbcs_00_11/rbcs11_03.htm. Acesso em 04 de Nov. de 2014]


O autor do artigo sobre a teoria da ação de Talcott Parsons é Antônio Luís Paixão, professor do Departamento de Sociologia e Antropologia da Universidade Federal de Minas Gerais - UFMG.

O artigo está dividido em duas partes principais, onde inicialmente o autor se preocupa em descrever os pressupostos e conceitos que transformaram a teoria geral da ação num cenário de disputas e divergências, constituindo, assim, em vasto debate teórico. O autor analisa a perspectiva parsoniana com base em três temas paradigmáticos: a) ordem social; b) sistema geral da ação e c) meios simbólicos de intercâmbio. Na segunda parte do trabalho, o autor se debruça nos diálogos entre Parsons e a crítica do estrutural-funcionalismo e dos marxistas à sua teoria da escolha racional. Essas escolas atribuem ao trabalho de Parsons severas críticas de negligência e esquecimento. Diante dessas elucubrações, o autor se propõe a examinar algumas das objeções feitas ao trabalho de Talcott Parsons, revisitando questões como a rejeição da construção de uma teoria geral, a crítica marxista e o significado da ação.

Ao final de sua análise, o autor apresenta uma conclusão bastante concisa, reconhecendo a existência de uma crise da teoria sociológica em fins da década de 1960. Crise esta, aliás, que já vinha sendo anunciada pelas divergências teóricas dos anos 50 e que culminaram para o surgimento de novos paradigmas como por exemplo o paradigma interpretativo. O autor, se utiliza de outra obra sua ( A Etnometodologia e o Estudo do Poder". Análise e Conjuntura (1989)), para concluir que a oposição entre a macrossociologia (história, instituição, estrutura) e a microssociologia (interação, ação, linguagem) nessas décadas, não conseguiu produzir discussões de grande abrangência para a sociologia, mas apenas declarações irrelevantes. Outra constatação do autor é a atual necessidade de produções teóricas pautadas no diálogo. O que se observa, segundo Paixão (2014), são paradigmas competitivos entre autores como R. Collins, A. Giddens, J. Habermas, Luhman, contra outros autores igualmente expressivos: A. Cicourel e R. Harré. O autor reconhece a dificuldade que há em buscar uma conciliação no campo teórico, uma ligação coerente entre macrossociologia e microssociologia na ordem social, esclarece ainda que nesse trabalho não é sua intenção avaliar a consistência e estabilidade dessas discussões surgidas numa crise, mas tão somente apresentar ao público leitor qual era o contexto intelectual em que foram produzidos, no dizer do autor, o revival parsoniano. Acrescenta ainda que seu trabalho se diferencia da discussão recente levantada por Mills e Gouldner sobre a controvérsia sobre o conservadorismo político e a manipulação ideológica, duplamente atribuída a Parsons.

Para o autor, tanto a teoria da ação quanto a teoria do sistema são produções inovadoras de Talcott Parsons, contrariando o que dizem os marxistas, para quem essas teorias já foram empregadas anteriormente por Marx. Os marxistas reivindicam que a teoria da ação foram absorvidas e ampliadas por Parsons. Diante da divergência de paradigmas, o autor se propõe em indicar metodologicamente, algumas áreas “críticas” (inclusive, já identificadas pelos estruturais-funcionalistas e marxistas), por meio de uma discussão teórica de referência utilizado pelo autor na busca de elementos razoáveis que ponha fim ao dilema parsoniano sobre a ordem social. O autor está imbuído de que seu objetivo é demonstrar a importância da contribuição de Parsons a fim de compreender seu esforço de integração teórica, da ação, da estrutura, do microevento, da cultura institucionalizada, da determinação externa e fatores externos, para desse modo, explicar a ordem social.

Com isso, o artigo se apresenta com uma natureza, hermeneuticamente acadêmica, situando-se em favor das ideias de Parsons e revisitando a crítica que as escolas estrutural-funcionalista e marxista fazem à originalidade da teoria da ação. Essa investida é de grande relevância social e científica, pois busca uma justaposição (e não uma síntese) no controverso mundo acadêmico. Escrito em estilo objetivo, sem se deter demasiadamente e com bastante coerência refuta as objeções contrárias, apresenta uma linguagem acessível ao público estudantil, doravante exija do leitor, conhecimento prévio sobre as correntes de pensamento abordadas e conceitos-chaves para contextualização das abordagens teóricas. O artigo se dirige a um público-alvo específico como por exemplo, estudantes, professores, pesquisadores e comunidade acadêmica de modo geral.




























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