Emoções, pensamentos e interesses
Como as emoções e os
interesses influenciam o pensamento?
Para
Rodrigues (2015), a construção de símbolos de pensamento está
vinculada tanto às afeições e interesses quanto aos sentimentos de
amor e ódio, distanciamento ou envolvimento. Nesse sentido, sempre
haverá “doses” de subjetividade oscilando entre os valores e
significados que um pensador carrega em sua bagagem cultural e que o
faz desenvolver determinado ponto de vista ao invés de
outro, afirmar ou negar alguma ideia. Isso não quer dizer que um
pensamento distanciado não seja possível, mas sim que todo trabalho
desenvolvido remete à um ponto inicial onde envolve
valores subjetivos não eliminados, pois como não é possível
despojar-se totalmente da subjetividade que envolve o indivíduo,
como também é estreita a relação entre pensamento e emoção, os
interesses pessoais e valores subjetivos acabam interferindo no
pensamento ainda que não seja intenção do autor.
Muitos pensadores que
escreveram importantes trabalhos para o pensamento social brasileiro,
não conseguiram renunciar suas convicções. “Gilberto
Freyre, Manoel Bonfim, Graciliano Ramos, Jorge Amado, Caio Prado,
Florestan Fernandes estiveram ligados a partidos políticos, muitos
sendo deputados, ainda que não dentro do mesmo espectro
político-ideológico, mas altamente envolvidos com interesses e
emoções da luta contra os adversários” (RODRIGUES, 2015:53).
Diante disso é possível perceber como
um conjunto de processos interativos entre o indivíduo (pensamentos
e ações) e o contexto em que vive (motor da vida social), é
mediado conforme os significados que os indivíduos atribuem à ação
por meio dos símbolos. Assim, os gestos e comportamentos construirão
significados, pois nenhuma ação é neutra como também nenhuma
imparcialidade é absoluta a partir das dinâmicas sociais e da
interação com o meio.
Quando o pensamento é
nutrido por símbolos que expressam sentimentos de amor e ódio,
envolvido de verdades dogmáticas ou convicções ideológicas
(políticas, religiosas, econômicas, etc.) se tem um pensamento
envolvido. Segundo Norbert Elias (2015) quando Marx procurava
demonstrar o desenvolvimento das sociedades, considerando apenas o
aspecto econômico e desconsiderando os demais aspectos, Marx
transportou suas convicções de que somente é possível descobrir
outras nuanças das relações sociais, apenas através do aspecto
econômico. Quando, porém o pensamento é construído sem as
paixões, isto é, sem o envolvimento afetivo com aquilo de que se
está plenamente convencido, se tem o pensamento distanciado.
ELIAS, Norbert.
Sociologia do conhecimento: novas perspectivas. Disponível em
http://ava.ead.ufal.br/pluginfile.php/107427/mod_resource/content/1/Sociologia%20do%20conhecimento.pdf.
Acesso em 29 de Março de 2015.
RODRIGUES,
Fernando. J. Pensamento social brasileiro. Maceió: s.l., s.d.
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