o sentido da colonização na obra de Caio Prado e sua principal consequência para a formação do Brasil


SIGNIFICADO E SENTIDO DA COLONIZAÇÃO

As expansões marítimas que resultaram na colonização colocaram Portugal numa importante posição de vanguarda marítima, ao se desvincular do continente e passando a exercer seu domínio sobre as colônias. Caio Prado observa que a colonização foi responsável por ligar o novo mundo às rotas comerciais dos países europeus a exemplo do que ocorria com a África e com a Ásia, ainda que em diferentes contextos. O autor destaca que esse marco contribuiu par integrar os novos povos ao mundo moderno, mas que somente à Europa cabia o papel de soberana sobre os povos conquistados. Nesse sentido, a integração entre os povos não constituía em liberdade e igualdade de direitos, mas uma assimilação do modo de vida e da cultura europeia.

O povoamento da colônia que viria a se constituir um Brasil-nação foi um fato pequeno diante dos acontecimentos e transformações pelo que estava passando a Europa. Embora estivesse ligado a um evento maior, o povoamento do Brasil foi, no dizer do autor, “um episódio”, um “pequeno detalhe”. No entanto, Caio Prado assinala que a colonização não ocorreu aleatoriamente, não foi um caso independente. Para o autor, além da necessidade de transpor as barreiras geográficas as expansões marítimas são frutos do empreendimento do comércio continental europeu que até o século XIV se limitava exclusivamente pela via terrestre ou pela navegação costeira, de cabotagem (PRADO, 2011).

RESULTADOS DA COLONIZAÇÃO PARA A FORMAÇÃO DO BRASIL
Inserida nesse novo contexto do mundo moderno, as consequências da colonização portuguesa para o Brasil podem ser observadas no sentido que o povoamento teve em terras brasileiras, na maneira em que foi organizada a sociedade e na estruturação do sistema econômico. As colônias de povoamento foram responsáveis por manter as feitorias na produção, abastecimento e comercialização de produtos voltados para o mercado europeu. Para que isso se tornasse realizável, era necessário povoar o novo continente a fim de criar um ambiente produtivo, pois uma nova ordem econômica se impunha à Europa do século XV (PRADO, 2011). Na organização social, a colonização legou a vida social uma relação pautada na escravidão que caracteriza a sociedade brasileira no início do século XIX. A escravidão praticada no Brasil foi mais brutal e violenta do que a praticada em Roma. O caráter escravocrata brasileiro via o escravo unicamente como máquina de trabalho não tinha direito, sendo considerado apenas o esforço físico (BORGES DE SÁ, 1998). Na economia, a estrutura econômica da colônia revelou que o Brasil foi incorporado a um sistema econômico tardio, dependente e periférico. As atividades produtivas tinham em vista tão somente nutrir as necessidades dos povos que viviam fora da colônia, servindo aos interesses do capitalismo comercial, isto é, o modelo de organização social implantado, foi assentado sobre uma colônia de exploração das riquezas do Brasil-nação (RODRIGUES, 2015).



REFERÊNCIAS


BORGES DE SÁ, Vera. A formação do Brasil contemporâneo por Caio Prado Júnior: contexto, epistemologia e hermenêutica de um clássico da historiografia brasileira. Pernambuco: Unicap, 1998. Vol. 2, nº 2, Julho-Dezembro. 98-19 [ Revista Symposium]

PRADO Jr., Caio. Formação do Brasil contemporâneo: colônia. São Paulo: Companhia das letras, 2011.


RODRIGUES, Fernando. J. Os pensadores sociais: Sérgio Buarque de Holanda e Caio Prado Júnior. Disponível em https://www.youtube.com/watch?v=uVfQGEs9fvA&feature=youtu.be. Acesso em 23 de abr. de 2015.

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