As funções da escola

A escola pode estar a serviço de interesses de uma minoria quando reproduz os valores de uma classe dominante em detrimento da maioria da população, impedindo com isso, que as mudanças sociais aconteçam para todos, pois seu papel está reduzido genericamente a servir às elites no poder, as demandas de mercados nas sociedades capitalistas pré-industriais estabelecendo uma relação social de produção. Nessa perspectiva dos mercados a escola desempenha uma função de garantidora da ordem econômica (MELO, 2015). Com a universalização da instituição escola e consequentemente do ensino, a educação escolar desempenhou importante papel difusor das relações capitalistas de produção. A expansão dessas relações objetivava homogeneizar os novos valores impostos pela ordem social e econômica.1

No contexto latino-americano o ideal de educação transplantado se distanciava da paideia dos gregos, estando mais próximo das ideias iluministas e positivistas voltados para um projeto civilizatório de construção de um Estado nacional. Nessa concepção, a vida no campo perdeu a centralidade e a cidade passou a ser o centro político e militar sendo que a educação estava orientada para fornecer mão de obra especializada.2 É razoável supor que diferentes pedagogias floresceram na América Latina, no caso brasileiro da década de 1964 tinha-se uma pedagogia que estratificava ainda mais as desigualdades considerando para tanto o número de analfabetos existentes no país, o problema transcende o exercício da leitura e da escrita, pois é sabido que quando se sustenta índices tão altos de analfabetismo retira-se do cidadão seus direitos.3 Quando a escola se insere nesse contexto de dominação sem promover a mudança social está simplesmente reproduzido essa desigualdade e seus laços de dominação. Numa perspectiva de luta de classes, a escola perdeu sua principal função que é de transformar a realidade, pois segundo Marx, essa perspectiva pedagógica reafirma o controle ideológico das massas pelo opressor inviabilizando qualquer mudança social ao reduzir seu papel a mera qualificação para o mercado de trabalho. (MELO, 2015)

Quando o ensino passou a ser institucionalizado a escola passa a desenvolver um importante papel na vida das pessoas. No entanto, sobre a função da escola ao longo dos séculos muitos teóricos têm se debruçado por diferentes caminhos paradigmáticos, por vezes até conflitantes. A compreensão de que a escola desenvolve múltiplas funções na sociedade atual contribuiu para enxertar sobre si algumas teorias. Uma dessas teorias afirma existir na escola um caráter de manutenção da ordem e do progresso. Outra defende que a escola é um importante mecanismo de reprodução social e ainda há quem sustente esse espaço como uma possibilidade de transformação social. A escola enquanto uma instituição social educativa, desenvolve nos indivíduos uma série de processos capazes de socializá-los e integrá-los no interior da sociedade a que pertencem. No entanto, diante destes diferentes papéis já é possível observar que há um acalorado debate sobre a função da escola na sociedade.



O conhecimento sobre os diferentes paradigmas da escola é de grande importância para o futuro professor, pois permite visualizar a escola como uma instituição que não é neutra.Embora a escola de modo geral esteja institucionalizada, compreende-se que as escolas não são todas iguais e que a função que uma determinada escola venha a desempenhar também não é unilateral.





REFERÊNCIAS


MAIORA ABSOLUTA (1964) - LEON HIRSZMAN. Parte I. Disponível em https://www.youtube.com/watch?v=8SU6VkZYsRE. Acesso em 20 de Set. de 2015


MELO, Beatriz. M. Projeto político pedagógico e gestão do trabalho escolar. Disponível em http://ava.ead.ufal.br/pluginfile.php/130511/mod_resource/content/4/Material%20Did%C3%A1tico%20PROJETO%20POL%C3%8DTICO%20PEDAG%C3%93GICO%20E%20GEST%C3%83O%20DO%20TRABALHO%20ESCOLAR.pdf Acesso em 17 de Set. de 2015.

1op. cit.
2Idem ibidem

3Cf MAIORA ABSOLUTA (1964) - LEON HIRSZMAN https://www.youtube.com/watch?v=8SU6VkZYsRE

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