Desigualdades educacionais geram desigualdades sociais
Como
se sabe, uma sociedade igual, isto é, sem desigualdades sociais,
depende em grande medida dos investimentos e atenção que se dá a
educação no campo da política social, sobretudo em países em
desenvolvimento. Por meio da política social reduz-se drasticamente
as desigualdades de modo que não será social nenhuma política que
não reverter os quadros de evasão, repetência e principalmente a
acessibilidade ao conhecimento básico fundamental. Em Maceió, esses
números podem ser conferidos no Plano Municipal de Educação.
Desconcentração de renda e poder historicamente consolidada pelo
capitalismo industrial burguês só pode se emancipar concretamente
entre as classes subalternizadas por meio do acesso à educação.
Diferente do sistema econômico feudal, onde a mobilidade social não
era uma condição possível, a exemplo do sistema de castas indiano,
abolido recentemente, ou mais remotamente nas cidades mesopotâmicas
da antiguidade. “ Uma das estratégias mais efetivas é educação,
sobretudo como formação básica, que deve ser universalizada na
população” (DEMO, 1994: 10). No entanto, o autor reconhece que as
políticas sociais em países subdesenvolvidos são muito
importantes, mas são limitados pelo sistema capitalista o que a
torna contraditória.
Há
cerca de 100 anos importantes estudos sociológicos reconhecem haver
uma relação estreita entre a educação escolar e suas formas de
exclusão quando cruzam mecanismos complexos entre países, épocas
e escolarização. (FARIA; CHRISTOFOLI, 2011). Esse cruzamento de
dados, entre outros, quando comparado com aos demais estados da
Federação, coloca Alagoas entre os mais desiguais e
consequentemente mais excludente no quesito educação e cidadania.
Talvez por esse motivo Alagoas tenha os piores índices de educação
do país, bastando averiguar os dados concernentes ao número de
matrículas com o número de jovens excluídos do sistema de ensino.
(HADAD; GRACIANO, 2006).
No
estado de Alagoas (um dos estados de maior concentração de renda do
país) segundo dados do Banco Mundial, as desigualdades estão
relacionadas ao baixo nível de educação no estado medido pelo
coeficiente de Gini, uma amostra do grau de desigualdade social.
Quando a educação de um estado como o de Alagoas que é dependente
em quase sua totalidade do poder público, fracassa no fator
educação, aumenta-se o grau de miséria entre as classes mais
pobres e distribuição de renda permanece inalterada.(LIRA, 1997)
Creche e pré-escola
Segundo
os resultados divulgados pelo Plano Municipal de Educação (PME), as
metas a serem atingidas nos próximos 10 anos são desafiadoras.
Depois de 17 audiências públicas, os indicadores e estatísticas
revelam que o município de Maceió sustenta sérios problemas
educacionais. Na capital alagoana crianças na faixa etária de
quatro a cinco anos que estão em idade de frequentar a pré-escola
(primeira fase da educação básica) estão excluída do ensino. Um
montante com cerca de 14.818 crianças que não frequentam creche. É
ainda um desrespeito a Lei de Diretrizes e Bases da Educação
instituída pela Lei n.º 9394/96, Art. 29, nos incisos I e II, Art.
30, (com alterações dadas pela Lei nº 12.796/2013), o direito
dessas crianças frequentarem a pré-escola.
O
problema se estende a outros períodos da vida escolar: 50.810
crianças com até três anos de idade estão fora das creches.
Ensino Fundamental e
médio
39.412
jovens de seis a quatorze anos em
idade de ingressar no Ensino Fundamental, não
frequentam a escola, em
termos percentuais correspondem
a 24% da população escolar.
Esses números são ainda mais excludentes quando
considerado
as
82 mil pessoas acima de
quinze anos que não sabem ler e escrever (sem considerar o
analfabeto funcional). No
Ensino médio, aproximadamente 75.691 jovens com faixa de idade entre
quinze e dezesete
anos que deveriam estudar
para se qualificar para o mercado de trabalho,
estão fora da escola.
Talvez isto justifique o baixo índice da população que conclui o
ensino médio em Alagoas em relação a Região Nordeste e ao Brasil
de modo geral. O documento constatou que o período compreendido de
2009 a 2011 houve um considerável aumento, mas nos anos subsequentes
de 2012 a 2013 houve um decréscimo significativo.
Superior
Os
dirigentes e autoridades do estado reconhecem a necessidade de
implementar políticas nesse setor. Havendo um rendimento baixo dos
brasileiros nesse nível de ensino, em Alagoas se agrava ainda mais.
O contingente da população estudantil que atinge o nível superior
é considerado baixo e seu acesso também é um direito fundamental.
Em 2011 o número de pessoas
economicamente ativas com 15 anos de estudo ou mais (ensino superior)
era de apenas 6% contra 39%
do ensino médio e 34% (fundamental incompleto). Enquanto isso 21% da
população não tinha nenhum grau de instrução.
Esses
números são preocupantes pois as escolas estão superlotadas,
faltam cadeiras, porteiros,
cozinheiros, professores e toda uma infraestrutura necessária
para receber novas demandas e
funcionar adequadamente
conforme o princípio de qualidade e universalidade do ensino
público. Os indicadores
confirmam as estatísticas negativas sobre o ensino em Alagoas, tão
propalado pelos meios de comunicação e evidenciando o descaso com a
educação pública. As
desigualdades são tão gritantes no estado que se tem uma Maceió
dividida em dois padrões culturais conforme o índice de
desenvolvimento humano (IDH), de um lado regiões com grande
concentração de renda e com equivalência à países da Europa,
como por exemplo, a Noruega. De outro lado regiões onde os serviços
públicos essenciais a grande maioria da população não funcionam
ou são deficitários. Correspondem ao mesmo índice dos países mais
pobres do mundo como a África.
REFERÊNCIA
DEMO,
Pedro. Política social, educação e cidadania. São Paulo:
Papirus, 1994
[coleção
Magistério: formação e trabalho pedagógico]
FARIA,
Elaine. T.; CHRISTOFOLI, Maria. C. P. Enade comentado 2008.
Porto Alegre: EDIPUCRS, 2011
HADAD,
Sergio; GRACIANO, Mariângela. A educação entre os
direitos humanos. São Paulo: Ação Educativa, 2006.
LIRA,
Fernando. J. Relaidade, desafios e possibilidades: pensando em
saídas para a crise de Alagoas. Maceió: Edufal, 1997.
PLANO MUNICIPAL DE
EDUCAÇÃO: 2015-2025. Maceió.
http://www.maceio.al.gov.br/wp-content/uploads/elensecom/documento/2015/08/PME-MACEIO-2015-2025-FINAL.pdf
Acesso em 24 de Set. de 2015.
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