Educação, um investimento a médio e longo prazo

 Embora haja uma intenção em universalizar a educação no Brasil, percebe-se que a educação brasileira revela a influência de diferentes linhas de pensamento: uma clerical ligada ao pensamento eclesiástico e outro estatal que luta pela democratização da escola pública. A influência religiosa na educação esteve presente desde o descobrimento do Brasil até a reforma pombalina em 1759, isto é, por mais de 250 anos o conhecimento manteve-se ressonante ao catolicismo. No período republicano, novos princípios educacionais construíram um novo sistema educacional baseado nos ideais republicanos segundo o qual é responsabilidade do Estado brasileiro manter e financiar o sistema educacional do país. A educação estatal garantia a separação dos interesses da religião católica (religião oficial do império) das decisões do governo. A Constituição de 1934 assegurou entre outras competências a laicização do conhecimento, gratuidade do ensino, caráter facultativo e interconfessional do ensino religioso nas escolas públicas. Desde esse período a educação tem sofrido sucessivas reformas. A nova política educacional, sobretudo a Lei de Diretrizes e Bases da Educação estruturou um conhecimento nas escolas inspirado na liberdade de pensamento e solidariedade humana como características principais, além de diversificar o ensino com matérias obrigatórias. Atualmente, a Educação Nova, sob controle do Governo Federal, tende a direcionar o conhecimento a função de integração e planejamento de várias modalidades de ensino: técnico, profissionalizante, entre outros (LOMBARDI; SAVIANI; NASCIMENTO,2005).

Gostaria de fazer eco às palavras do professor ao afirmar que “A valorização do professor como um profissional autônomo, bem remunerado, com condições de trabalho adequadas e capacidade de se atualizar, qualificar e produzir conhecimento é um dos primeiros princípios para que essa melhoria aconteça” (LEITE, 2015: 4). Suas palavras soam bastante salutar por uma razão muito simples, sempre que nós profissionais da educação (professores, porteiros, cozinheiros, zeladores, etc.) nos mobilizamos por melhores condições de trabalho, reajustes salariais ou outra pauta de significativa importância, sempre que paralisamos as atividades com o fito de tornar público as condições de existências dos profissionais dentro e fora da escola, somos bombardeados por uma série de críticas das mais variadas direções (inclusive entre próprios colegas de trabalho), tachados de “absurdo”, “ilegal,”entre outros epítetos, o olhar míope da população, dos meios de comunicação de massa e também do judiciário que critica e pune . Não raro a opinião pública direcionam críticas às mobilizações sindicais como se o fato dos profissionais da educação reivindicarem aumentos e reajustes (um direito previsto em lei), constituísse um crime. Logo são categorizados de “mercenários”, só pensam em dinheiro, não exercem a profissão por amor. Estranho ouvir falar de amor numa sociedade essencialmente materialista, onde imperam a lógica do capital, a lei da procura e da oferta, do consumo desenfreado, afinal a economia não pode parar.

Apesar das controvérsias, parece estar cada vez mais em evidência que a educação tem um papel decisivo para as mudanças na estrutura social, assim como no combate as desigualdades. Paulatinamente se observa nos mais variados setores, uma transição do pensamento crítico destrutivo para o discurso crítico construtivo. Todavia, o reconhecimento dos profissionais da educação.
Desde o início do século XVIII, com a primeira revolução industrial e a consequente instituição do Estado-nação, valorização da razão humana em detrimento dos dogmas, o Estado assumia a responsabilidade de formação educacional da população como elemento imprescindível das dinâmicas sociais entre os diversos países. De lá para cá, muitas investidas foram implantadas, algumas destas iniciativas foram pertinentes enquanto outras nem tanto pelo que se propôs o estado brasileiro. O governo brasileiro ainda não deu a devida prioridade ao setor educacional a fim de o país figurar entre os países que fazem da educação sua política de investimento social e econômico como é o caso da Coreia do Sul, Japão e Alemanha. A experiência bem sucedida desses países que apostaram na educação como vetor de recuperação e sucesso da economia no pós-guerra mostram que investimentos nessa área são decisivas para as futuras gerações e erguimento de um Estado-nação. No Brasil, as políticas públicas são tímidas e restritivas, em quinhentos anos de Estado-nação não conseguimos sequer erradicar o analfabetismo e isso não se deve a falta de professores, aliás é sabido que um dos primeiros profissionais a pisarem nessas plagas foram os professores.






REFERÊNCIAS

LEITE. Rodrigo. O profissional da educação frente aos desafios atuais no campo da pesquisa educacional. Disponível em http://ava.ead.ufal.br/pluginfile.php/130659/mod_resource/content/1/Pesquisa%2BEducacional%2B5.pdf. Acesso em 25 de Out. de 2015.


LOMBARDI, José C.; SAVIANI, Dermeval; NASCIMENTO, Maria I. M. Escola Pública no Brasil: História e Historiografia. Autores associados: Campinas, 2005.

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