Dilemas e organização escolar
No âmbito da escola pública estadual percebe-se ad intra a existência de uma ambiguidade na universalização do ensino, tanto no tocante dos recursos materiais quanto no aperfeiçoamento e capacitação dos profissionais que compõe o recurso humano – um problema que vai desde a articulação de políticas públicas até a maneira como a escola é gerenciada estabelecendo assim uma relação verticalizada entre o poder público, secretarias e unidades escolares.
E aqui uma ressalva: materiais que deveriam subsidiar a prática didática de professores e alunos caducam nas prateleiras, livros didáticos são jogados no lixo (enquanto algumas disciplinas não tem livro didático e as que tem não recebem), até a substituição do giz pelo piloto não trouxe melhoramento, pois com frequência faltam tinta e sobram orientações: escrevam menos! Não é de admirar que os jovens se rebelem contra uma realidade em que as aulas são suspensas por falta de água ou de merenda. É necessário garantir alguns materiais indispensáveis ao funcionamento de uma unidade escolar, mas em algumas escolas faltam inclusive o básico como a água para beber, manter os banheiros limpos, etc. Também se observa a falta de professores para algumas disciplinas, porteiros, cozinheiros e outros funcionários indispensáveis ao funcionamento da escola. Aliás, a falta de material humano foi uma das principais reivindicações da última greve pelo sindicato dos trabalhadores da educação.
Nossa geração provavelmente deve recordar das reuniões de pais e professores quando uma vez por mês a escola discutia o rendimento escolar do aluno e na oportunidade detalhava seu comportamento, assiduidade, etc., quando se aproximava a reunião de pais e mestres a gente dava um jeitinho de sempre melhorar, mas como essas reuniões não existem mais os pais se esforçam para ir pelo menos duas vezes por ano, uma para matricular e a outra para receber o resultado: aprovado! Isso não é de modo algum uma generalização, há pais que apostam todas suas fichas na educação, acompanham o filho até a escola ou procuram saber do seu andamento antes e durante o ano letivo, pois como também aboliram o boletim escolar nem ele nem o aluno tem o controle a respeito de suas atividades.
A sociedade mudou e com elas as relações entre comunidade e escola. Uma série de conflitos são presenciados cotidianamente no interior das instituições escolares, esses conflitos chegam a ultrapassar a órbita do tolerável chegando a tomar feições de agressividade física e verbal vindo de diferentes segmentos como professores, alunos, direção escolar e comunidade em geral. Essa realidade tem que mudar, no entanto as autoridades fingem que o problema não existe ou não dão devida prioridade à educação.
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