Licenciatura e estágio

Por que o Estágio Supervisionado em Licenciatura? 


 O Estágio Supervisionado enquanto disciplina autônoma, além de outras contribuições para os estudantes dos cursos de licenciatura, figura como uma importante ferramenta de aprendizado sobre o ofício de professor. A disciplina oportuniza o contato direto com o dia a dia do professor nas unidades escolares permitindo ao aluno apreender a profissão e ao mesmo tempo criar uma identidade profissional. Por meio do Estágio Supervisionado se debate sobre importantes questões de fórum interno como por exemplo, as relações entre professores, alunos e comunidade escolar, o papel do professor para a escola e para a sociedade mais ampla, o perfil sócio cultural dos alunos. Assim, por exemplo, através do Estágio Supervisionado se perceberá a realidade de muitos professores que de modo geral exercem suas funções em condições precárias, algumas das vezes impróprias e até mesmo insalubres. Possibilita ao estagiário confrontar as políticas de educação com a propaganda governamental por meio de cruzamento com os índices e estatísticas educacionais sobre o ensino. Por fim, o Estágio Supervisionado insere o aluno do curso de licenciatura na apropriação de novas técnicas e procedimentos de como ser e agir institucionalmente (POR QUE O ESTÁGIO PARA QUEM JÁ EXERCE O MAGISTÉRIO: UMA PROPOSTA DE FORMAÇÃO CONTÍNUA).

Como o Estágio Supervisionado pode contribuir para a construção da identidade profissional docente? 

 O professor constrói sua identidade paulatinamente ao longo dos anos, pois o ser humano não é um ser pronto e acabado, mas ao contrário está em constante transformação. Assim, a atuação no Magistério vai esculturando uma performance, uma maneira de ser e de atuar que lhe é própria e que difere dos demais. A identidade docente é uma busca que em geral ocorre pela imitação, mas que vai se metamorfoseando em um platô de modelos. Considere-se porém que por ocasião do Estágio Supervisionado essa busca se intensifica, surgem opções de modelo que vai consolidando a identidade docente. É por ocasião do estágio que a identidade e sua consolidação é formada. O estágio nesse sentido é o lócus de construção dessa identidade, compreende os fundamentos performático do ser professor. A psicologia social, a pedagogia e sobretudo a didática, tem contribuído para a formação da identidade docente. Desse modo, as experiências pessoais, a subjetividade e a experiência coletiva incidem decisivamente sobre o indivíduo na construção do sujeito (ESTÁGIO E CONSTRUÇÃO DA IDENTIDADE PROFISSIONAL DOCENTE).

Quais as perspectivas e dificuldades do Estágio para quem não e para quem já é professor? 


 As perspectivas criadas pelo estagiário no curso de licenciatura são variadas e podem possibilitar a assimilação e aprendizado daqueles que já se encontram atuando nas escolas para de alguma maneira ou por meio das interações absorverem suas experiências. Outra perspectiva que o estágio propõe ao estagiário é a reflexão sobre o processo de ensino-aprendizagem, sua teoria e a prática docente. Positivamente os relatos mais registrados entre estudantes das licenciaturas é a promoção do contato real com a escola, sem maquiar a realidade; o relacionamento dos conteúdos estudados com as práticas escolares e ação docente; a apreensão da performance profissional do professor é outra concepção que a prática do estágio aflora nos estagiários; vislumbra de maneira escancarada as relações entre professores, alunos e estagiários no ambiente escolar e retira o véu do marketing e da propaganda governamental sobre a realidade das escolas confrontando o discurso governista com os trabalhos e produções acadêmicas sobre o processo de ensino. Até aqui como se observará as perspectivas são inúmeras. Sintetizando, Outras perspectivas podem assim ser sintetizadas: a destreza e habilidade dos professores, possibilidade de efetivar teoria e prática, desenvolvimento de trabalho em equipe, entre outros.

 Paradoxalmente, o estagiário se vê num abismo entre o que aprende na universidade e aquilo que salta aos olhos na realidade das escolas brasileiras. Se vê numa luta interna entre realismo e idealismo, uma situação que transcende sua capacidade criadora. No reverso da mesma moeda está um veterano que um dia aspirou ao cargo e que agora jaz na profusão de deficiências de toda ordem: falta de recursos, desvalorização profissional, precariedade do ensino entre tantas outras. Essa realidade legitima ainda mais o Estágio Supervisionado, pois coloca a escola como objeto de estudo sociológico. A emergência de novas demandas para ocupar os postos de docência se faz necessária uma vez que aqueles que militam há muitos anos nas escolas sentem-se vencidos com essa situação e não nutrem novas mudanças. Os estagiários também veem como dificuldade a descontinuidade entre a universidade e a escola — esta, com constantes incursões de movimentos grevistas, lutas sindicais e perda de direitos já conquistados contribuem para o temor do aspirante ao cargo de professor. Temor que é reforçado ainda mais pelos professores “da casa,” desencorajando-os com base em suas escolhas e experiências pessoais (PORQUE O ESTÁGIO PARA QUEM NÃO EXERCE O MAGISTÉRIO: O APRENDER A PROFISSÃO).


Quais as implicações de estudarmos a institucionalização das Ciências Sociais no Brasil?


 A institucionalização das Ciências Sociais e sua insurreição na sociedade integra uma nova manifestação do pensamento por reformas no ensino em consonância com a proposta de modernização da sociedade, inclusive por meio da substituição do modelo tradicional por um outro mais moderno e voltado para as reais necessidades do mundo moderno e suas tecnologias. Desse modo as novas gerações de cientistas sociais se mobilizaram para maximizar um novo paradigma educacional em que fosse contemplado o ensino sociopolítico e crítico sobre as relações de poder existente na sociedade e suas heranças culturais Embora o projeto do ensino de sociologia contemplasse atingir o maior alcance de público e sobretudo ser um instrumento de reflexão sobre os problemas sociais,  o conhecimento sociológico ficou por muito tempo confinado aos especialistas e homens da elite cultural. Essa restrição deixara uma importante parcela da população que emergia na modernidade, homens ligados ao campo e ao operariado brasileiro sem acesso a esse novo saber. O estudo das sociedades pela ótica sociológica, antropológica e política configura uma compreensão da sociedade sobre o afã do conflitos sociais como articulou Marx entre outros clássicos na luta contra as desigualdades. O estudo de sua institucionalização também configura uma consciência crítica de como uma sociedade, a exemplo da brasileira, tem marcado a disciplina com políticas excludentes ao expurgar as Ciências Sociais dos processos educacionais (OIVEIRA, 2011).
 

Quais os desafios mais notáveis para o Ensino de Sociologia no Ensino Médio? 


 A institucionalização da sociologia como disciplina
do Ensino médio é pontuada por vários desafios, no entanto Oliveira (2011) destaca os mais proeminentes no contexto de ensino brasileiro sendo eles o desafio da identidade, da legitimidade e o epistemológico.
 O desafio da identidade reclama por mudanças estruturais na educação como a que foi estabelecida durante o Governo Provisório em 1891. Essa reforma estabelecia a obrigatoriedade do ensino de Sociologia no ensino secundário, no entanto em 1901 a reforma Epitácio Pessoa por meio do decreto nº 3890 derrubava a obrigatoriedade da disciplina, iniciando o que veria a ser uma penosa caminhada a sua institucionalização (Mota, 2015).
 O desafio da legitimidade refere-se a superação do absenteísmo da disciplina no Ensino Médio, um desafio emergente dada as idas e vindas da disciplina motivado pelo descompasso da educação brasileira. Essa situação é descortinada pela negligência de políticas educacionais que priorizem a formação de cidadãos críticos e conscientes de seu papel social.
 Já o desafio epistemológico preocupa-se com a necessidade de adequação dos conteúdos, por parte do professor, à realidade coetânea dos alunos do ensino médio. Ao trabalhar com autores clássicos da sociologia faz-se necessário redimensionar o conteúdo ao nível de compreensão dos alunos, torná-los acessíveis para só então criar uma consciência participante capaz de inferir diretamente na realidade, os desafios epistemológicos do ensino de Sociologia por meio da participação ativa sobre a realidade a fim de garantir seu lugar na educação, quando “a sua reintrodução possuiu como pano de fundo um forte ativismo político, devendo ser destacado que a lei por si mesma não resolve o problema, não devemos, portanto, esvaziar o debate político da questão apenas por força de lei” (OLIVEIRA, 2015, p. 118). A lei apesar de ser um forte mecanismo de legitimação para o exercício da Sociologia, está vinculada a contextos políticos diversos.


Por que devemos estudar Didática no curso de Licenciatura?



 A didática é uma disciplina necessária aos cursos de formação de professores devido a seu caráter instrumental que confere ao aluno o contato direto com a profissão docente. Relega ao professor sobre a importância de um planejamento adequado aos diferentes contextos e estruturado um corpo teórico que envolve objetivos, conteúdos programáticos, metodologia, os procedimentos e avaliação. Todos esses procedimentos devem funcionar como um conjunto de processos conectados entre si e não atuam isoladamente. Nesse sentido, a didática é a interlocução de que dispõe o professor para criar e recriar caminhos rumo a aprendizagem de seus alunos. Em outras palavras, enquanto o aluno absorve o conteúdo pela sua própria autonomia e criatividade o professor precisa mediar sua ação pedagógica por meio de estratégias bem definidas. A didática que se pretende aplicar deve estar atenta as particularidades de cada classe, pois o êxito e bom desenvolvimento de um tema em determinada classe pode não surtir o mesmo efeito quando aplicado a uma turma que manifeste diferentes interesses e experiências. Aqui reside a necessidade de se estudar a didática, pois os professores devem ser conhecedores do perfil de cada classe especificamente, sem anular as  subjetividades de cada aluno. A didática ajuda o professor no caminho que ele deve seguir, criando saídas pedagógicas para os problemas encontrados e articulando novos fazeres e propostas (LIBÂNEO, 2016).




REFERÊNCIAS



ESTÁGIO E CONSTRUÇÃO DA IDENTIDADE PROFISSIONAL DOCENTE. Disponível em http://ava.ead.ufal.br/pluginfile.php/150326/mod_resource/content/1/Cap%C3%ADtulo%20I.pdf Acesso  em 10 de Abr. de 2016.


LIBÂNEO, José. C. Didática: velhos e novos temas. Disponível em http://www.luciavasconcelos.com.br/novo/professor/index2.phpoption=com_docman&task=doc_view&gid=1464&Itemid=31 Acesso em 04 de Abr. de 2016.


MOTA, Kelly. C. C. S. Os lugares da sociologia na formação de estudantes do ensino médio: as perspectivas de professores.
Disponível em http://www.scielo.br/pdf/rbedu/n29/n29a08 Acesso em 29 de Set. de 2015


OLIVEIRA, Amurabi. P. Sentidos e dilemas do ensino de Sociologia: um olhar sociológico. [Revista Inter-legere, nº 09] Disponível em http://www.cchla.ufrn.br/interlegere/09/pdf/09es01.pdf Acesso em 29 de Set. de 2015



______. Ensino de Sociologia: desafios epistemológicos para o ensino médio [Revista Espaço acadêmico, nº 119, Abril de 2011. Disponível em http://eduem.uem.br/ojs/index.php/EspacoAcademico/article/viewFile/11758/6865 Acesso em 29 de Set. de 2015



POR QUE O ESTÁGIO PARA QUEM JÁ EXERCE O MAGISTÉRIO: UMA PROPOSTA DE FORMAÇÃO CONTÍNUA. Disponível em http://ava.ead.ufal.br/pluginfile.php/150326/mod_resource/content/1/Cap%C3%ADtulo%20I.pdf Acesso em 10 de Abril de 2016.


PORQUE O ESTÁGIO PARA QUEM NÃO EXERCE O MAGISTÉRIO: O APRENDER A PROFISSÃO Disponível em http://ava.ead.ufal.br/pluginfile.php/150326/mod_resource/content/1/Cap%C3%ADtulo%20I.pdf Acesso em 10 de Abr. de 2016.

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