sobre a cultura, prática docente e prática pedagógica

Há muitas formas de compreender o mundo e de atuar nele. Hoje pensamos em cultura ou culturas? Quais as implicações dessas reflexões para a prática docente e a prática pedagógica?

 Atualmente,se observa uma preocupação em preservar os aspectos culturais de um povo, respeitar a diversidade de comportamentos, pensamentos, crenças, etc. Essa postura tem se mantido como a chave para o bom relacionamento entre as nações, sobretudo graças à emancipação da antropologia e do método etnográfico. No entanto, essa preocupação com as diferenças vem de longas datas, como se observa na literatura clássica: Heródoto (484-424 a. C,); José de Anchieta (1534-1597); Marco Polo (séc. 13);Tácito (55-120); Montaigne (1533-1572). A diversidade de costumes contemporãneos vão desde os hábitos culinários dos franceses ao harakiri japonês, o sentido de trânsito na Inglaterra, os indicadores culturais de virilidade, a restrição de consumo de alimentos entre os hindus, islâmicos, judeus, etc. tudo isso reunidos numa gama de manifestações culturais que não podem ser ignoradas, tampouco impostas como modelo a ser seguido às demais culturas (SILVA, 2005).

 Outra compreensão equivocada, seria buscar uma explicação para a diversidade do comportamento humano pautando-se em argumentações somatológicas ou mesológicas. Antropólogos sabem que as características genéticas de um indivíduo não são determinantes das diferenças culturais. Essa constatação é importante para nós educadores, pois tira do indivíduo a culpa pelo fracasso escolar. Isto mesmo, seguindo essa linha de raciocínio qualquer indivíduo em condições normais de saúde poderá desenvolver-se tanto físico como mentalmente, desde que lhe sejam oportunizadas as condições necessárias ao aprendizado. Uma criança sueca, educada desde seu nascimento, no Nordeste do Brasil,  em nada se diferenciará mentalmente de seus irmãos de criação. "Ou ainda, se retirarmos uma criança xinguana de seu meio e a educarmos como filha de uma família de alta classe média de Ipanema, o mesmo acontecerá..."(LARAIA, 2009: 18).

 Como a prática pedagógica é interpretada como processos educativos ou categorias, vividas coletivamente e em várias instituições de uma determinada cultura, as implicações dessas categorias para o fazer pedagógico revelam que a escola não é a única força socializadora, nem mera reprodutora de conteúdos. Seu papel ultrapassa a legitimação ideológica de Estado, pois envolve diversos aspectos e diferentes relações: relação com o meio, relação com o outro e relação consigo mesma. No entanto, é no plano institucional que a prática pedagógica se concretiza. Uma segunda implicação é a de que a prática pedagógica é um trabalho coletivo e por isso mesmo, não está isenta de conflitos de interesses, de ideias, enfim. Souza (apud Amorim,2009)faz crer que o grande desafio da prática docente em meio a esse leque de orientações, é construir um espaço dialógico em que aprender significa criar, recriar, problematizar. Mas tanto a prática pedagógica quanto a prática docente, deve exercitar a análise, oferecer e pensar saídas como também ter refinado gosto pela pesquisa.





REFERÊNCIAS



AMORIM, Roseane M. Planejamento, currículo e avaliação da aprendizagem. Maceió: Edufal, s.d.



LARAIA, Roque B. Cultura: um conceito antropológico. Rio de Janeiro: Jorge Zarah, 2009.

SILVA. Francisco. A. Da natureza da cultura: antropologia cultural. s.l. s.n., 2005. Departamento de Ciências Sociais da Fafidam/Uece. (apostilado).
 

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