O Bem e o Mal

 A banalidade do mal e o esquecimento do bem 

 

    Trata-se do perigo, como ocorreu durante o nazismo, de que as pessoas comuns acabem vendo o mal como algo normal, como algo que realizamos por dever ou por simples seguimento de uma ideologia fanática. É a obediência às ordens do tirano, sem medir as suas consequências. O mecanismo que transforma em normal e burocrático os massacres e holocaustos. 


    Um perigo que hoje se torna tragicamente atual, com o ressurgimento de velhas e novas ideologias de ódio e discriminação às diferenças. Mas além desse perigo real, que a extrema-direita e as ideologias de várias tendências ressuscitam, existe outro, oposto. À banalidade do mal se opõe, hoje, o chamado “esquecimento do bem”, como se a humanidade estivesse possuída definitivamente pelo mal, sem espaços para a bondade.  O esquecimento e o silêncio da existência do bem podem ser, de fato, tão perigosos quanto a banalização do mal, pois acabam com as chances de esperança. 

 

    O Brasil também continua de pé, apesar de todos os tropeços e de todos os seus demônios, graças à grande maioria das pessoas que são honradas e trabalhadoras, que se sacrificam e sofrem sem vender sua consciência. É esse exército que, mesmo furioso com os corruptos e consciente da existência do mal, continua em seu caminho, sem se vender ao deus do derrotismo, buscando seus espaços de felicidade – sua e dos demais. Sem essas pessoas boas e normais, nosso cotidiano seria um inferno. Sem esses milhões de trabalhadores que não se vendem e geralmente sofrem injustiças e penalidades todo dia, nosso cotidiano pararia. Toda vez que acendemos uma luz, abrimos a torneira, pegamos um ônibus, compramos num mercado e encontramos nossas ruas limpas, deveríamos pensar que, por trás disso tudo, existe alguém que está trabalhando de forma honrada e silenciosa para que isso seja possível. 


    Todos nós já cruzamos algum dia com uma dessas pessoas generosas, capazes de ajudar sem esperar recompensa. Que não se enganem os corruptos e violentos, pois essas pessoas boas, se quiserem, também podem se rebelar. E nada mais perigoso para os canalhas que a ira dos inocentes. O que seria, por exemplo, das pessoas abastadas das cidades brasileiras se, por exemplo, esses milhões de favelados, deixados à própria sorte, vítimas da banalização da violência, decidissem baixar em massa e incendiá-las? Não é que não haja pessoas de bem. Às vezes, frente ao mal e à injustiça que as rodeia, ao descaramento do mal, dá até vontade de pensar que são boas demais. 


 

 

 

 

 

 

TEXTO COMPLEMENTAR:
Religiões do mundo todo reunidas em cidade alemã 



A Religions for Peace é uma rede global de religiões e comunidades. Segundo Schneider, todas as religiões do mundo estão, de alguma forma, envolvidas nessa aliança criada em 1970. Há quem compare as reuniões, que ocorrem a cada cinco anos, com a Assembleia Geral da ONU. Desta vez, a grande aliança cívica ocorrerá em uma pequena cidade, bem longe dos grandes centros políticos, acessados mais facilmente. Lindau, porém, se encontra no coração da Europa. A cidade alemã recebe há muitos anos o encontro internacional de vencedores do Prêmio Nobel, oferecendo atmosfera para reflexões intensas e interações entre diferentes culturas. 



Expectativas religiosas e políticas 

Essas também são as expectativas e esperanças do mundo político, bem como do Ministério do Exterior alemão, apoia com milhões de euros o evento em Lindau. Por muitos anos tem havido regiões no mundo onde as instituições políticas são incapacitadas, e apenas forças da sociedade civil – geralmente religiosas – assumem o papel de ajudar aqueles que precisam. Assim ocorre em vilarejos na República Centro-Africana, em partes do Iraque e em campos de refugiados em vários países. "Comunidades religiosas são as maiores instituições da sociedade civil no mundo", afirma Andreas Görgen, diretor do Departamento de Cultura e Comunicação do Ministério do Exterior alemão. "Muito além de todas as questões de fé, estamos preocupados com sua responsabilidade para com essas sociedades." 

Desde 2018, Görgen tem sob seus auspícios a unidade de religião e política externa do ministério. Em Lindau, ele e seus colegas receberão diplomatas de diversos países europeus, que estarão no evento como observadores. Isso porque em todo o mundo, seja na Europa, na Ásia ou nos Estados Unidos, políticos observam cada vez mais o papel das religiões. 

 

O mundo político enxerga o potencial das comunidades religiosas, mas também quer que elas assumam a tarefa de promover a paz. Em parte, esse será um tema quente em Lindau. A portas fechadas, representantes da Coreia do Sul e da Coreia do Norte, de Myanmar e de Bangladesh, do Sudão e do Sudão do Sul conversarão uns com os outros. 

 

 


FONTE


 (EL PAÍS. https://brasil.elpais.com/brasil/2017/08/26/opinion/1503698941_685704.html) 

 

 

 


LEITURA E REFLEXÃO:  

A banalidade do mal e o esquecimento do bem 

ATIVIDADE: 

1. O que é Nazismo? 

2. Por que o Nazismo é considerado um mal para a sociedade? 

3. Dê exemplos de ideologias de discriminação das diferenças. 

 

 ATIVIDADE


ssistir ao vídeo https://www.youtube.com/watch?v=eGDwxll8qDA e descrever com poucas palavras a origem da violência na sociedade. 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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