RESENHA: PRETO & BRANCO NO QUARTEIRÃO DO SOUL DE BELO HORIZONTE
Esta resenha descreve como um movimento cultural pode ser incorporado às lutas por direitos civis. O lugar de estudo foi o centro da cidade de Belo Horizonte, como cenário reconfigurado para o movimento Soul. A autora problematiza a apropriação do espaço urbano por grupos marginalizados como um fenômeno sócio-histórico. Explicita como o Soul se consolidou como linha de identidade histórica para sisters e brothers da periferia. Mais que isso, faz uma releitura da influência norte-americana apontando peculiaridades significativas do modo de ser brasileiro.
Fica perceptível como a arquitetura do lugar, os espaços configurados podem sofrer mudanças e reconfigurações. O objetivo da pesquisadora foi procurar compreender o comportamento dos adeptos, o significado simbólico do Soul, a percepção que os integrantes têm enquanto movimento de resistência. A entrevista com os adeptos do Soul ampliou o espaço de manifestação do pensamento de um movimento que inicialmente foi reprimido. À luz de Thompson e Lefebvre a autora Rita Aparecida constrói sua metodologia sobre a ressignificação do espaço urbano e as batalhas que o movimento Soul enfrentou para se inscrever no campo cultural. Entre os resultados mais expressivos de sua pesquisa destaque-se a recuperação da luta de movimentos civis por igualdade de direitos.
A autora traz para o debate o papel mediador dos meios de comunicação de massa na divulgação de conteúdo simbólico paralelo a entrada da indústria cultural no país. Nesse período é percebido um aumento de oferta simbólica e suas demandas consumidoras. Embora surgido na década de 1970 a autora enfatiza que o desenvolvimento do Soul foi embalado pela grande difusão dos meios de comunicação de massa durante o período da ditadura militar.
Concluímos que a pesquisa possibilitou compreender o simbolismo do movimento Soul, as alterações e correspondências entre o Soul dos Estados Unidos e o praticado no Brasil. Defende ter recuperado o registro histórico do movimento no Brasil e destaca que o Soul brasileiro, ao ser identificado à figura de James Brown, é mais passional do que o estilo americano. A mutabilidade do espaço, dos símbolos, das relações sociais por brothers e sisters do movimento é defendida como representação cultural do movimento.
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