8 anos Comunicação e Religião

 

CONTEÚDO

A comunicação Religiosa


A tarefa da Igreja cristã sempre foi muito clara nos seus parâmetros. A teologia judaico-cristã foi completamente ancorada na missão de comunicar a Boa Notícia que vem de Deus. Tão somente porque, para tal missão ela foi criada e é essa a tarefa que respalda a sua existência até hoje.


Quando mencionamos a preocupação da igreja cristã com a propagação desse evangelho de salvação, salientamos que tal atividade comunicacional tem sido feita há séculos, utilizando diversos suportes, que foram da forma direta de comunicação interpessoal, por meio do testemunho partilhado a outra pessoa ou na pregação perante um grupo, até a sua ampliação pela comunicação escrita, música e artes plásticas, que se constituíram em canais de comunicação extremamente otimizados, em especial pela Igreja Católica Romana. Contudo, nos dias de hoje, a mídia, principalmente a televisiva, mostra-se como o mais novo horizonte visível de propagação para a mensagem religiosa.


Ou seja, na contemporaneidade, a comunicação religiosa assumiu novos contornos com a utilização dos meios de comunicação massiva. Hoje as igrejas encontram-se irremediavelmente submersas numa parafernália de símbolos e apelos midiáticos, e mergulhadas na aberta permissão para a existência de uma, por vezes, “incômoda” pluralidade religiosa. Assim, a comunicação nos mass media passa a ser adotada nas diversas denominações religiosas com muita facilidade, e normalmente é vista como um instrumento eficaz no competitivo mercado religioso.


Por isso, deparamo-nos com inúmeras igrejas em constante busca por amplos terrenos midiáticos. Trata-se, inclusive, de uma estratégia para garantir suas existências sociais, através da visibilidade projetada, principalmente, pela televisão. Em paralelo encontramos os meios de comunicação de massa abrindo, cada vez mais, suas portas para uma programação de cunho religioso, o que na visão de Klein (2006, p.199), lhes rende dupla vantagem: “auferir lucros com a venda de espaço e de se justificar dos pecados da transmissão de conteúdos moralmente condenados pelas diversas denominações religiosas”.


Em paralelo, a comunicação religiosa assume um sentido e um significado nos termos das relações sociais que a originam, nas quais ela se integra, e sobre as quais ela pode influenciar. Por este motivo, os meios de comunicação, tanto impressos quanto eletrônicos, têm sido veículos de grande importância na difusão e sustentação de várias religiões no Brasil e no mundo. E nesse contexto, podemos perceber a ampla utilização, por parte dos cristãos, dos meios de comunicação disponíveis.


As pesquisas de audiência, ao listarem a programação disponível, comprovam que as televisões e as rádios brasileiras estão abarrotadas de programas religiosos, em sua maioria, programas cristãos. Isso sem mencionar as emissoras de propriedade de denominações religiosas. Atualmente, no Brasil, diversos programas religiosos são veiculados diariamente em canais abertos e em TVs por assinatura. Dessa forma, não se trata simplesmente da presença constante de uma propaganda ideológica no sentido estrito do termo, mas de uma nova forma de se anunciar a fé cristã, através da aberta possibilidade de utilização dos meios de comunicação de massa.


A verdade é que hoje, contemplamos uma humanidade conectada pela palavra, bombardeada por uma multiplicidade de sons, imagens, signos e mensagens. Em todas as esferas do nosso cotidiano esta é a realidade. Segundo João Paulo II, é uma revolução
cultural que acabou fazendo dos meios de comunicação de massa o “primeiro areópago 6 da idade moderna” (RMi, 37) 7.


Por conseguinte, a utilização dos recursos midiáticos pelas igrejas faz com que conteúdos religiosos emitidos se fragilizem perante uma sociedade saturada de apelos comunicacionais. Há uma acirrada concorrência da mensagem religiosa com outros conteúdos simbólicos divulgados pela mídia, caracterizando um “cardápio” de opções diversas e variadas.


O fato é que a aliança firmada entre a religião e a mídia é algo verificado em larga escala e nos traz a possibilidade de contemplação de mensagens religiosas em forma de “concertos espetaculares”. Missas e cultos se tornam cada vez mais parecidos com shows televisivos de auditório, nos quais a interação com a plateia existe e se reproduz de forma similar aos programas “seculares”. Sendo assim, os líderes religiosos, por conta da formatação espetacularizada das transmissões de cultos e missas, estruturam suas falas de modo a interagir, exatamente como qualquer apresentador de TV em meio às luzes, brincando com os fiéis, contando histórias e até piadas, em um claro esforço para não perder a atenção dos espectadores do “show”.

Atividade para debate

  1. De acordo com o texto a igreja tem uma missão que atravessa os séculos. Qual é a missão da igreja apontada pelo texto?

  2. Quais as formas de comunicação que a religião cristã tem utilizado ao longo dos séculos para propagar sua mensagem?

  3. Que semelhança há entre programas seculares e programas religiosos no uso das mídias e tecnologias pelas tradições religiosas?








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