8 anos Religião e mídia IV

 

Ensino religioso

Religião usa web como aliada para conectar fiéis

Movimentos religiosos encontram na internet uma aliada natural para lançar ao mundo correntes de fé e pensamentos positivos


Exercitar a fé a distância não é uma novidade. Missas e cultos ocupam espaços generosos nas grades de programação das emissoras — a Igreja Católica, por exemplo, tem um canal só para ela na tevê paga, a Rede Viva, sediada no interior de São Paulo. Sem dúvida, o recurso tecnológico é um alento para os fiéis, sobretudo aqueles com dificuldades de locomoção. Com o rádio ocorre algo parecido: em qualquer lugar, preso em um engarrafamento, o ouvinte pode sintonizar uma pregação evangélica — são muitas as estações com esse perfil. Tudo isso é corriqueiro, trivial. Agora, acender uma vela virtual por alguém sem riscar um único fósforo, encomendar uma cirurgia espiritual através de um site ou pagar promessa com um único clique, isso distingue nossos tempos. Será a web o meio mais eficiente para cumprir o mandado divino "ide por todo o mundo e anunciai o Evangelho a toda criatura"?


As redes sociais também têm se mostrado grandes aliadas das religiões se a intenção é arrebanhar seguidores e fiéis. Até 2012 — ainda não há levantamento mais recente —, as páginas religiosas eram campeãs absolutas em engajamento no Facebook, segundo o blog AllFacebook.com, especializado em esmiuçar tudo o que se passa na rede social. Na última listagem, a página Jesus Daily aparecia com 11.419.977 seguidores e mais de 5 milhões de citações. Quase dois anos depois, a mesma página já conta com mais de 25 milhões de seguidores. O segundo, o terceiro e o quarto lugares do ranking também ficaram com páginas de conteúdo religioso: a página de língua espanhola Dios Es Bueno, a The Bible e a Joyce Meyer Ministries, pertencente a uma pastora norte-americana. O cantor Justin Bieber, por exemplo, que coleciona milhões de fãs adolescentes pelo mundo, aparecia apenas na 14ª posição.


Embora algumas práticas virtuais possam causar algum estranhamento — pagar uma promessa por meio de um boleto gerado pela internet, por xemplo —, o próprio Vaticano tem dado espaço para que os católicos usem a internet a favor da religião. Em outubro passado, Dom Paul Tighe, secretário do Pontifício Conselho das Comunicações Sociais, chegou a dizer que a Igreja usa as redes sociais para levar a mensagem de Deus diariamente aos povos e que os cristãos devem continuar com o que ele chamou de "evangelização digital", e aproveitou ainda para citar o papa Francisco, dizendo que os "cristãos devem estar nas redes sociais, participando de conversas, sem medo, e interagindo com todas as pessoas".


O próprio pontífice mantém três contas no microblog Twitter — uma em inglês, uma em espanhol e uma em português —, em que posta diariamente mensagens aos fiéis. A com maior número de seguidores é a de língua espanhola (@Pontifex_es), com 4.522.480 seguidores. Além disso, o Vaticano está no Instagram, rede social de compartilhamento de imagens. A conta (@newsva) foi criada em outubro passado e já tem 16 mil seguidores. Na época, o encarregado pelo perfil, José Miguel Chevarría, disse que as fotos postadas na conta não se limitam às registradas por fotógrafos profissionais. "Procuramos algo improvisado, mas espontâneo, fotos particulares que comuniquem por si mesmas. O objetivo é difundir a mensagem salvadora de Cristo através da imagem do papa, e qual é a melhor maneira que seu exemplo pessoal?", postou.

Quando o papa abre uma conta no Instagram, é porque provavelmente o caminho não tem volta: a religião deve, cada vez mais, tomar os espaços virtuais. Seja ou não do seu agrado, você provavelmente vai receber cada vez mais compartilhamentos de mensagens que incluam trechos bíblicos na sua página do Facebook ou convites para curtir páginas religiosas e entrar para grupos de orações virtuais. Nesta edição, a Revista se dedica a investigar um pouco mais sobre como, afinal, é possível praticar a fé por meio de uma tela de computador e que tipos de implicações — boas ou polêmicas.


"Não conheço vocês, mas acompanhei um pouco no anonimato o que passaram. Parabéns pela forma como encararam tudo. É admirável ver uma história de amor e dedicação como essa (…) Muito obrigado por fortalecer a minha fé. A perda é triste. Mas a forma intensa como viveram torna a experiência em vida de vocês especial. Parabéns. Isso é viver com intensidade. Que Deus os abençoe."

O comentário foi postado no grupo "Orações pelo Rô", no Facebook, em 11de novembro, um dia depois da notícia da morte do engenheiro mecatrônico e professor de matemática Ronaldo Isoni Jr., a quem se destinavam as orações. Quando o grupo foi criado, em setembro do ano passado, por sua mulher, a analista judiciária Ananda Tostes, 26 anos, Rô estava nos momentos finais de uma luta de quase nove anos contra um câncer cerebral. O casal, formado havia seis anos, já era bastante religioso quando a doença começou a avançar. Mas encontrou força extra nas palavras publicadas no espaço virtual.


PARE PRA PENSAR

  1. Quais são as mídias mais utilizadas pelas religiões para propagar a mensagem cristã?

  2. Na sua opinião, de que maneira a chamada “EVANGELIZAÇÃO DIGITAL” pode ajudar as pessoas?

  3. Cite um exemplo de rede social (Instagram, facebook, blog, site, etc.) de conteúdo religioso que conecta a religião aos fiéis.


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