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Importância do voto para criação de uma sociedade mais livre e igualitária

Para Seng(1992) e Young (1990) (apud. SILVA JÚNIOR, 2014. p.08), a reconfiguração das teorias sobre liberdade e igualdade pelos modernos contribuem na estruturação de uma sociedade mais livre e igualitária. Mesmo considerando que “construir uma sociedade onde todos sejam livres e iguais é sem dúvida um dos maiores projetos inacabado da humanidade. Não é difícil perceber o quanto estamos longe da realização desse ideal” (SILVA JÚNIOR, 2014.p. 6). Desse modo, embora liberdade e igualdade sejam contempladas pela doutrina do jusnaturalismo, segundo o axioma de que todos os homens são iguais perante a lei, há grandes e contraditórios conflitos de interesse sobre o dimensionamento da liberdade e igualdade da vida em sociedade. Em geral esses conceitos são absorvidos sobre a ideia da esfera privada, isto é, dos interesses pessoais, no sentido oposto à natureza pública ou coletiva 1 . Na concepção dos gregos, só era possível assegurar igualdade e liberdade, por meio da participação na póli

Shumpeter, Downs e Dahl: importância do cidadão para a democracia pluralista

A democracia pluralista é um modelo que reconhece no cidadão um importante papel na definição da política pública, pois para essa corrente de pensamento, através do pleito eleitoral os cidadãos têm o poder de tomar decisões que lhes são mais favoráveis e traduzam suas reais necessidades. No entanto, reconhece que esta participação não é direta, isto é, não cabe ao cidadão deliberar sobre as decisões políticas, pois ao escolher por meio do voto aqueles que os representarão, o eleitor atua como mero coadjuvante das plataformas políticas. Para compreendermos melhor, vejamos os principais argumentos levantados por três pensadores dessa corrente. Como observa Joseph Schumpeter, existem praticamente dois grupos que disputam o poder, os grupos políticos e os eleitores propriamente dito. Para o autor, o objetivo do eleitorado nessa disputa política, resume-se em definir qual grupo político subirá no poder para governar e decidir as demandas, ou seja, maximizar soluções para os problemas qu

Deliberativos e Participacionistas

Existem diferentes linhas de divergências sobre qual seria o melhor modelo de participação política em um Estado de direito democrático que fosse ao mesmo tempo capaz de garantir as liberdades individuais e coletivas. Na teoria ou modelo deliberativo, também chamado de argumentativo, a defesa é pela participação coletiva (mas não-comunitário), como assinala o princípio “D”. O princípio “D”, abrange tanto os indivíduos interessados pelas decisões políticas como aqueles que se dizem afetados pela sua ação. Trata-se de uma política capaz de formar uma opinião, opinião forjada, no dizer de Habermas (apud., autor, ano), sem recorrer à obrigações de tomada de decisões. A teoria deliberativa é formada pela esfera pública (com função de reforçar os problemas sociais), opinião pública (liberdade de expressão e associação) e sociedade civil (movimentos, associações e organizações). Outra corrente que vai construir sua teoria sobre a liberdade e participação é denominada de Participacionista

Analisando o filme BESOURO

Em linhas gerais, trata-se de um filme ambientado em Santo Amaro, numa cidade localizada no recôncavo baiano do Estado da Bahia. Portanto, no filme estão muito presentes as relações sociais que se deram entre ex-escravos, feitor e senhor de engenho, estendidas mesmo após a abolição da escravatura de 1888. O autor aborda temas presentes do cotidiano como a marginalização da capoeira que culmina na perseguição e morte do mestre Alípio, as dificuldades que os ex-escravos tiveram para se inserir no novo modelo econômico pré-industrial e agrário. O preconceito racial, o status e os papéis sociais são a tônica do filme numa trama que mistura luta pela igualdade, amor, traição e violência. 1 Observa-se que a prática da capoeira, o candomblé e outros elementos da cultura afro brasileira, no pós-abolicionismo, ficaram restrita as comunidades afrodescendentes. O filme retrata o cenário em que homens, mulheres e crianças foram isolados dos direitos civis e sociais, vivendo em condições precá

A aplicação do método positivista na história da política brasileira

O método positivista, que tem como maior expressão o filósofo francês Augusto Conte, está grandemente marcado pela influência do pensamento evolucionista contido em sua obra e expressa sobre a hierarquia dos fenômenos que é o principal motor para a compreensão de suas ideias. Por outro lado, numa perspectiva hermenêutica e não linear da história, a ênfase recai sobre a relativização de diferentes perspectivas, (MELO, 2015)¹. O positivismo desenvolveu-se como uma linha de pensamento que exalta o conhecimento e método científicos. Essa característica, além de exaltar os benefícios da industrialização, seus processos e conquistas advindas da Revolução Industrial (sem considerar o quanto a Revolução Industrial foi cruel para a classe trabalhadora), visualiza com grande otimismo o capitalismo financeiro, a técnica e a ciência (COTRIM, 1986)². Segundo a concepção desenvolvida por Conte, através de três diferentes estágios (teológico, metafísico e positivo), o homem alcançaria o últ

As principais contribuições dos Estudos de Comunidades no Brasil para a Antropoloiga

A característica mais geral dos estudos antropológicos sobre a etnologia indígena repousa na premissa de que os estudos sobre as comunidades indígenas permitiram a continuidade da Tradição das Ciências Sociais. Isso foi possível graças ao trabalho realizado pelos antropólogos e a utilização do método etnográfico. Havia necessidade de uma metodologia que fornecesse uma compreensão mais subjetiva da realidade social das populações indígenas, mas que não fosse tão abrangente quanto a macrossociologia, que se preocupava com questões nacionais muito amplas. Para compreender a vida social dos indígenas, sem as pré-noções e preconceitos fazia-se necessário pensar e agir como um índio, isto é, despojar-se da própria cultura recebida. Isso só seria realizável por meio de estudos que estivessem pautados na observação direta, in loco , participando de uma relação ad intra , de dentro para fora, e não o contrário. Entre as contribuições mais significativas que os estudos de comunidades no Br

Resenha sobre o documentário “Muita Terra pra Pouco Índio”

Referência Bibliográfica [OLIVEIRA , Bruno. P. Muita terra pra pouco índio? Disponível em https://www.youtube.com/watch?v=wAh2nokq-iM . Acesso em 17 de abr. de 2015.] Este documentário é uma produção do antropólogo Bruno Pacheco de Oliveira. O autor busca no documentário dar vez e voz as populações indígenas no uso que faz da etnologia indígena. Sua preocupação com o descaso das autoridades em relação à política indigenista em vários estados da Federação permeia todo seu trabalho. O estudo sobre as condições de vida dos índios, a demarcação de suas terras, os conflitos com posseiros, o corte ilegal de madeiras e outras dificuldades enfrentadas por essas populações, são arroladas por diferentes autoridades que representam indireta ou diretamente esse povo. Em linhas gerais, reúne o depoimento de 27 pessoas dos mais variados estados como Amazonas, Acre, Mato Grosso do Sul, Bahia, Rio Grande do Sul e as comunidades indígenas situadas nesses estados. O assunto é alvo de muito

Antropologia

Principais características da disciplina antropologia no Brasil:  a Etnologia Indígena , os Estudos de Comunidades e a Antropologia Urbana. Etnologia indígena Os estudos etnológicos ofereceram uma importante contribuição ao dar visibilidade social às populações indígenas, que sempre foram acusadas de emperrar o desenvolvimento e consolidação do Brasil-nação. Atualmente pode-se traçar muitas de suas características, no entanto os estudos etnológicos no Brasil vem, desde 1970, percorrendo diferentes configurações como método já consolidado em pesquisa de campo, observação e coleta de dados. Contudo, u ma das características principais da etnologia indígena pode ser atribuída às experiências de campo resultantes da coparticipação e relacionamento entre índios e antropólogos (FERREIRA, 2015). Essa característica marca a fase inicial d esses estudos. Estudos de Comunidades Já a s décadas de 1940 e 1950 serão marcadas por uma fase em que os estudos desenvolvidos pela

Resenha do documentário “A Raça Humana”

Referência bibliográfica [Documentário "raça humana" revela bastidores das cotas _ raciais _ na _ unb. _ Disponível _ em _ https://www.youtube.com/watch?v=y_dbLLBPXLo . Acesso em 20 de Abr. de 2015]. O documentário é uma produção que instiga o debate sobre a política de cotas em universidades públicas. O vídeo é uma montagem com cortes de diferentes eventos. A direção e roteiro do vídeo são de Dulce Queiroz e a produção é de Pedro Henrique Sassi e Pedro Caetano. No documentário há basicamente duas posturas em relação a política de cotas raciais e que são confrontadas em debate: os que se declaram a favor das cotas e os que se declaram contra. Um e outro tentam justificar suas opiniões e posturas, mas em torno do acalorado debate há um retorno às discussões sobre raça (termo já em desuso nos meios científicos). O processo seletivo da Universidade de Brasília (UnB) aderiu ao sistema de cotas raciais desde o ano de 2004. Das vagas ofertadas, 20% se destinam ao

Contribuição de Sérgio Buarque de Holanda para a Ciência Social Brasileira

Entre os autores que se debruçaram sobre a História colonial do Brasil na busca de uma linha de identidade histórico-social, a obra de Sérgio Buarque de Holanda, intitulada Raízes do Brasil, tem figurado entre as mais importantes contribuições explicativas sobre a formação psicocultural do Brasil no âmbito da Ciência Social Brasileira. Além disso, seu livro junto com outras obras trazem inovações para um melhor entendimento sobre aquilo que se convencionou chamar de pensamento brasileiro. Revisitando nosso passado, a exemplo de Gilberto Freyre, Raízes do Brasil propõe um campo teórico sem saudosismo de um Brasil que não volta mais, sem a nostalgia dos engenhos e da paisagem das fazendas (FERREIRA, 2015). Seus esforços desconstruíram alguns mitos que, no decorrer da História, foram incorporados à cultura brasileira, obscurecendo com isso, o que de fato era genuíno e o que havia sido transplantado pelo processo civilizador. Embora Sérgio Buarque reconheça que nossa cultura legou às